Guerra do Camboja (1979–1989)
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Guerra do Camboja ou Guerra vietnamita no Camboja[18], ou também ocupação vietmanita do Camboja [19] refere-se ao envolvimento militar da República Socialista do Vietnã no Kampuchea (atual Camboja) começado com uma guerra entre o Kampuchea Democrático, controlado pelo Khmer Vermelho, e o Vietnã em 1978–1979 e culminando com a invasão e posterior ocupação militar vietnamita até 1989.[20]
Guerra do Camboja (1979–1989) | |||
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Terceira Guerra da Indochina e Guerra Fria | |||
Data | 25 de dezembro de 1978 - 26 de setembro de 1989 | ||
Local | Camboja, sul do Vietnã e oriente da Tailândia | ||
Desfecho | Vitória vietnamita. Khmer Vermelho removido do poder e colapso do Kampuchea Democrático. Fim do genocídio cambojano. Criação da República Popular do Kampuchea. Invasão chinesa do Vietnã e contínuas escaramuças fronteiriças Guerra civil entre as distintas facções cambojanas. Incursões vietnamitas na Tailândia (1979-1988). Assinatura dos Acordos de Paz de Paris de 1991 garantindo uma transição liderada pela ONU | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Mais de 200.000 civis cambojanos mortos[17] (excluindo mortes por fome) Mais de 30.000 civis vietnamitas mortos (1975–1978)[16] |
A guerra resultou dos confrontos isolados ao longo das fronteiras terrestres e marítimas do Vietnã e do Kampuchea, entre 1975 e 1977. As frequentes incursões do Khmer Vermelho no território do Vietnã acirram as tensões entre os dois países, que culminam com a invasão vietnamita do Kampuchea. Em 25 de dezembro de 1978, o Vietnã invade o Kampuchea, numa ofensiva de grande escala, posteriormente ocupando o país e retirando o governo Khmer Rouge do poder. [21] A intervenção militar vietnamita e a subsequente facilitação das forças de ocupação da ajuda alimentar internacional para mitigar a fome em massa, encerraram o genocídio cambojano. [22][23]
Em 8 de janeiro de 1979, foi estabelecida, em Phnom Penh, a República Popular do Kampuchea (RPK), pró-Vietnã, marcando o início de uma ocupação vietnamita de dez anos. O Vietnã instala no poder dissidentes cambojanos liderados por Heng Samrin e o Khmer Vermelho inicia uma guerrilha contra as tropas vietnamitas e o governo de Samrin, que enfrenta também a oposição da Frente Nacional de Libertação do Povo Khmer, liderada pelo ex-primeiro-ministro Son Sann, apoiado pelos Estados Unidos.
No entanto, durante esse período, o Kampuchea Democrático do Khmer Vermelho continuou a ser reconhecido pelas Nações Unidas como o governo legítimo do Kampuchea, enquanto vários grupos de resistência armados foram formados para combater a ocupação vietnamita. Ao longo do conflito, esses grupos receberam o apoio dos países ocidentais e treinamento na Tailândia do Serviço Aéreo Especial do Exército Britânico.[24] Hun Sen deserta do Khmer Vermelho para assumir o governo.[25]
Nos bastidores, o primeiro-ministro da República Popular do Kampuchea, Hun Sen, aproximou-se das facções do Governo de Coalizão do Kampuchea Democrático (GCKD) para iniciar as negociações de paz. Paralelamente, sob forte pressão diplomática e econômica da comunidade internacional, o governo vietnamita implementou uma série de reformas da política econômica e externa, que levaram à sua retirada do Kampuchea, em setembro de 1989.
Em 1991 são assinados os Acordos de Paz de Paris, no entanto, a guerra civil cambojana resultante da intervenção vietnamita só terminaria definitivamente com a derrota e desmobilização do Khmer Vermelho em 1998-1999.
O conflito, além de destacar as tradicionais animosidades entre Vietnã e Camboja, também revelou o conflito sino-soviético que dividiu profundamente e quebrou o movimento comunista da época. O Partido Comunista do Vietnã tinha apoio unilateral da União Soviética, enquanto o Partido Comunista da Kampuchea tinha se alinhado com a República Popular da China.