Tigres Tâmeis
organização militante tamil no Sri Lanka de 1976–2009 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Os Tigres de Liberação do Ceilão Tâmil (em tâmil: தமிழீழ விடுதலைப் புலிகள், transl ISO 15919: tamiḻ iiḻa viṭutalaip pulikaḷ), comumente conhecidos como LTTE (abreviação do nome em inglês, Liberation Tigers of Tamil Eelam) ou Tigres Tâmeis, constituem uma organização política armada que pretende, através de uma violenta campanha secessionista, a autodeterminação do povo tâmil mediante a criação, no nordeste da ilha do Sri Lanka, de um Estado independente denominado Ceilão Tâmil.[2] A campanha deu origem à Guerra Civil do Sri Lanka, um dos mais longos conflitos armados da história recente da Ásia.
Tigres de Liberação do Ceilão Tâmil தமிழிழவிடுதலைப்புலிகள் | |
---|---|
Datas das operações | 5 de maio de 1976 – 18 de maio de 2009 |
Líder(es) | Velupillai Prabhakaran |
Motivos | Criação de um Estado (Tamil Eelam) independente tâmil nas províncias do Norte e do Leste de Sri Lanka. |
Área de atividade | Sri Lanka |
Ideologia | Nacionalismo tâmil Socialismo revolucionário Separatismo |
Principais ações | Diversos atentados suicidas, assassinato de Rajiv Gandhi, ataques contras civis, uso de crianças-soldado, limpeza étnica |
Ataques célebres | Bombardeio do Banco Central, massacre de Palliyagodella, atentando à bomba ao trem de Dehiwala, entre outros. |
Status | Em 18 de maio de 2009 a organização deixou de existir; até então havia sido decretada uma organização terrorista por 32 países.[1] |
Financiamento | Doações de tâmeis expatriados |
Fundado no ano de 1976, trata-se do principal grupo separatista ligado à minoria tâmil. Seu principal líder foi Velupillai Prabhakaran, também conhecido como Prabaharan ou Thambi, que era procurado pela Interpol por terrorismo, assassinato, crime organizado e conspiração terrorista.[3] Os Tigres Tâmeis alegavam lutar para proteger a minoria tâmil da discriminação nas mãos de seguidos governos da maioria cingalesa, que dominam o país desde a sua independência,[4] e Prabakharan declarou, durante uma entrevista coletiva,[5] que o LTTE ainda não estava pronto para reivindicar um estado independente, e que considerava que a independência seria uma possibilidade, a partir do reconhecimento político de uma pátria tâmil, de uma nacionalidade tâmil e do direito do povo tâmil à autodeterminação.
Os Tigres Tâmeis têm como uma de suas bases de apoio diversos membros da diáspora tâmil, bem como dos tâmeis que vivem no estado de Tamil Nadu, na Índia.[6][7]
Os Tigres, que durante o auge de seu poder possuíam um núcleo de treinamento de milícias bem desenvolvido e organizado, ficaram notórios pela prática de atrocidades contra civis,[8] incluindo sequestros e ataques intencionais,[9] pela execução de ataques a autoridades de alto escalão, incluindo o assassinato de diversos políticos do Sri Lanka e da Índia, como Rajiv Gandhi, e por recrutar crianças-soldado. O LTTE inventou o cinturão suicida, e foi pioneiro no uso de homens-bomba como tática de combate.[10][11] Também foram pioneiros no uso de mulheres nestes ataques suicidas,[12] e também chegaram a usar aviões em alguns de seus ataques.[13] O LTTE foi considerado uma organização terrorista por 33 países, entre eles o Canadá, Estados Unidos, Índia (desde o assassinato de Rajiv Gandhi, primeiro-ministro do país, no qual Prabakharan estaria envolvido), Austrália, Malásia e União Europeia. A ONU, entretanto, não emitiu nenhuma condenação formal. A inclusão da organização na lista de grupos terroristas, pela UE, provocou a expulsão dos membros europeus da Missão de Supervisão no Sri Lanka (SLMM), em 2002.
No decorrer do conflito o nordeste do território frequentemente trocou de mãos, passando do controle dos Tigres Tâmeis para as forças armadas do Sri Lanka, que se enfrentaram em combates ferozes no processo. As negociações de paz conseguiram interromper o conflito por quatro vezes diferentes, embora sem qualquer sucesso duradouro; no fim da última rodada de negociações, em 2002, os rebeldes tinham uma grande área sob o seu controle. No entanto, com o fim do processo de paz, em 2006, as forças armadas do país iniciaram uma grande ofensiva contra os Tigres Tâmeis, na qual conseguiram reconquistar a maior parte do território, limitando o LTTE a uma área de 1,5 km2 no distrito de Mullaithivu.[14][15] O resultado desta ofensiva foi a virtual derrota militar do LTTE.[16][17]
Em meio aos crescentes apelos para que os rebeldes se entregassem,[18][19] o presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, declarou oficialmente a vitória militar sobre os Tigres Tâmeis, em 16 de maio de 2009, depois de 26 anos de conflito.[20][21][22] O líder rebelde, Prabhakaran, teria sido morto por forças do governo.[23] O LTTE admitiu a derrota no dia seguinte, com a declaração do chefe de relações internacionais da organização, Selvarasa Pathmanathan, no site oficial: "Esta batalha chegou ao seu amargo fim … Decidimos silenciar nossas armas. Nossos únicos arrependimentos são por não termos conseguido resistir por mais tempo".[24]