Incêndios florestais na Amazônia em 2019
incêndios na Amazônia durante o ano de 2019 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Os incêndios florestais na Amazônia em 2019 foram uma série de incêndios florestais que afetaram a América do Sul, principalmente o Brasil.[3][4] Foram contabilizados pelo menos 161 236 focos de incêndios no país de janeiro a outubro de 2019,[5] 45% a mais em relação ao mesmo período de 2018,[5] percentagem essa que chegou a ser de 84% no mês de agosto.[6] Isso representa um dos maiores números desde que o Brasil começou a coletar dados em 2013, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),[7] que utiliza satélites para monitorar incêndios.[8] Em agosto de 2019, a floresta amazônica brasileira registrou cerca de 59 601 focos de incêndios, o que representou 48,1% das ocorrências no território brasileiro, ou seja, quase metade,[5] tendo sido apenas no mês de agosto detectados pelo menos 29 359 deles (60,3%).[5] Estima-se que mais de 906 mil hectares de território na Amazônia tenham sido perdidos para incêndios, no período de janeiro a agosto de 2019.[1] Segundo a NASA, em 16 de agosto do mesmo ano, uma análise dos dados de satélite indicava que o total de incêndios através da Amazônia em 2019 estava perto da média em comparação com os últimos 15 anos.[9] A NASA afirma, no entanto, que esses dados registram um viés de alta, puxado pelos anos de 2004 e 2010, que tiveram uma quantidade de queimadas elevadas, inflando a média.[10]
Países | |
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Local | |
Localização administrativa | |
Coordenadas |
Data |
janeiro a outubro de 2019 |
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Área queimada |
Mais de 906 mil hectares (2.24 milhões de acres; 9.06 mil km2 — período de janeiro a agosto de 2019)[1] |
Fonte da Ignição | |
Vitímas mortais |
2[2] |
A bacia do rio Amazonas é coberta por uma vegetação densa que inclui 400 bilhões de árvores. A floresta amazônica "alimenta sistemas em escala planetária", incluindo rios atmosféricos, pois 20% da água doce do mundo passa por ciclos nessa floresta tropical. Desde a década de 1970, o Brasil cortou e incinerou cerca de 20% da floresta.[11] Os incêndios na Amazônia estão diretamente relacionados com o aumento do desmatamento, além da diminuição nas fiscalizações ambientais. Incêndios são mais frequentes durante a estação seca do ano, entre os meses de maio e setembro. Muitos incêndios são causados por agricultores, que realizam queimadas para desmatar legal ou ilegalmente a terra para implantação de pastos para a pecuária. Em agosto de 2019, fazendeiros no estado do Pará, na Amazônia, publicaram um anúncio em jornal local sobre uma queimada denominada "Dia do Fogo", quando desmatariam a terra para a criação de gado. Poucos dias depois, houve um aumento significativo no número de incêndios. O presidente Jair Bolsonaro determinou abertura das investigações pela Polícia Federal e, posteriormente, cerca de 50 pessoas envolvidas com queimadas no Pará foram identificadas durante uma operação realizada por equipes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), do Ibama, da Polícias Militar e Civil do Pará. Foram apreendidos tratores do tipo escavadeira, armas de fogo, motosserras e motocicletas na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu.
Houve incêndios na floresta tropical em pelo menos nos nove estados amazônicos brasileiros (Amazônia Legal):[12] Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins. Em 11 de agosto de 2019, um estado de emergência foi declarado no Amazonas[13][14] e, doze dias depois, no Acre.[15] Outros países da Amazônia foram afetados pelos incêndios em maior ou menor grau. Entre os outros países sul-americanos que mais registraram incêndios em 2019 estão Bolívia, Venezuela, Colômbia, Argentina, Paraguai, Peru e Chile.[4][16][17] O número de hectares de floresta tropical boliviana afetada pelos incêndios florestais foi aproximadamente igual ao do Brasil, sendo a área da Bolívia apenas cerca de um oitavo da do Brasil. O aumento da taxa de incêndios no Brasil suscitou mais preocupações quando líderes internacionais, particularmente o presidente francês Emmanuel Macron, e organizações não governamentais ambientais (ENGOs) as atribuíram às políticas pró-negócios do presidente brasileiro Jair Bolsonaro que enfraqueceram a proteção ambiental e incentivaram desmatamento da Amazônia depois que ele assumiu o cargo em janeiro de 2019. Bolsonaro inicialmente permaneceu ambivalente e rejeitou as chamadas internacionais para agir, afirmando que as críticas eram sensacionalistas. Após o aumento da pressão da comunidade internacional na 45.ª reunião de cúpula do G7 e a ameaça de rejeitar o tratado de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, Bolsonaro despachou soldados brasileiros e alocou fundos para combater os incêndios.[18] O presidente boliviano na época, Evo Morales, também foi responsabilizado pelas políticas anteriores que incentivavam o desmatamento. Morales também tomou medidas proativas para combater os incêndios e buscar ajuda de outros países.[19] Durante o período de incêndios, diversos protestos foram convocados pelas redes sociais em diversas cidades brasileiras e ao redor do mundo,[20] e diversas imagens falsas foram divulgadas e compartilhadas nas redes sociais.[21]