Guerra em Donbas (2014–2022)
conflito entre a Ucrânia e separatistas pró-Rússia de 2014–presente / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Guerra na Donbass (ou Donbas), também referida como Guerra no leste da Ucrânia ou Rebelião pró-russa na Ucrânia, e oficialmente pelo governo ucraniano como a Operação Anti-Terrorista (ATO)[43] foi um conflito armado na região da Bacia do Donets (abreviadamente, Donbas ou Donbass), na Ucrânia. Desde o início de março de 2014 até fevereiro de 2022, manifestações de grupos pró-russos e antigoverno ocorreram nos oblasts de Donetsk e Luhansk, que integram a região da Bacia do Rio Donets, na sequência da Revolução Ucraniana de 2014 e do movimento Euromaidan. Esse conflito armado ocorreu em parte do território ucraniano que foi objeto de diversos protestos pró-russos em todo sul e leste da Ucrânia. Trata-se de um conflito armado opondo as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk contra o governo ucraniano.[44][45] Os separatistas são amplamente liderados por cidadãos russos.[46] Os paramilitares voluntários russos são relatados por compor entre 10% [47][48][49] e mais de 50% dos combatentes.[50][51]
Guerra em Donbas | |||
---|---|---|---|
Guerra Russo-Ucraniana | |||
Controle territorial após a assinatura do Protocolo de Minsk em 2015 até a invasão russa de 2022. Em rosa é destacado áreas controladas pelos separatistas pró-Rússia e em amarelo é destacado regiões ocupadas pelo governo ucraniano. | |||
Data | 6 de abril de 2014 – 24 de fevereiro de 2022 (7 anos, 10 meses, 2 semanas e 4 dias) | ||
Local | Donbass, inclui: os oblasts Donetsk e Luhansk da Ucrânia | ||
Desfecho | Guerra terminada devido à invasão da Rússia na Ucrânia
| ||
Beligerantes | |||
| |||
Comandantes | |||
| |||
Unidades | |||
| |||
Forças | |||
| |||
Baixas | |||
| |||
3 404 civis ucranianos mortos[40] |
Após o colapso da União Soviética em 1991, a Ucrânia se firmou como uma nação independente. Contudo, no leste, especialmente nos oblasts de Donetsk e Luhansk (na região de Donbas), as minorias russas começaram a reivindicar mais autonomia política, algo que o governo central em Kiev resistia. No final da década de 2000, o governo ucraniano passou a buscar uma maior aproximação com a Europa Ocidental, algo que a Rússia via com maus olhos. Em 2013, em meio a uma crise econômica, o presidente Víktor Yanukóvytch rejeitou um acordo com a União Europeia e iniciou uma reaproximação com o governo russo. A população ucraniana, principalmente aquelas concentradas nas grandes cidades do oeste, iniciaram enormes protestos (conhecidos como Euromaidan) e forçaram o presidente Yanukóvytch a renunciar em fevereiro de 2014. Aproveitando-se do caos político que se seguiu na Ucrânia, a Rússia anexou, em março, a região da Crimeia. No mês seguinte, protestos pró-Rússia se intensificaram na região de Donbass, no leste, exigindo autonomia política. O governo ucraniano afirmou que essas manifestações eram orquestradas por Moscou para desestabilizar o país. Em abril de 2014, a revolução no leste da Ucrânia virou uma revolta armada, com militantes pró-Rússia pleiteando ser uma nação independente, fundando as repúblicas autônomas de Donetsk e de Luhansk, que receberam apoio militar e econômico da Rússia.[52][53][54]
Como resposta a insurreição no leste, o governo ucraniano iniciou a chamada "Operação Anti-terrorista", lançando uma série de ofensivas e reavendo várias cidades e regiões ocupadas pelos separatistas. Em agosto de 2014, as forças rebeldes já haviam sido empurradas para o território próximo a fronteira. Frente a esses reveses, a Rússia optou por modificar sua estratégia de guerra híbrida e apostou em táticas mais convencionias, com reforços cruzando a fronteira com suprimentos e armas, sendo que em alguns casos, o exército russo chegou a combater os ucranianos diretamente. Em 22 de agosto, o governo ucraniano definiu a situação naquele momento como "uma invasão russa", gerando protestos do Ocidente.[55] A Rússia assumiu uma posição ambígua, negando a presença de seus militares em solo ucraniano, mas reconhecendo a presença de "especialistas" e utilizando outros eufemismos, ao mesmo tempo que confirmava que protegeria a população de origem russa no leste da Ucrânia.[56] Em fevereiro de 2015, seguindo protocolos de paz e outras negociações, ambos os lados firmaram um acordo chamado de Minsk II. Após uma grande batalha em Debaltseve, a guerra diminuiu de intensidade, os dois lados começaram a construir extensas redes de trincheiras, casamatas e túneis na linha de frente, se transformando em uma guerra de trincheiras, com poucos ataques direitos mas esporádicos tiroteios e bombardeios.[57][58] A guerra passou a ser caracterizada como um "conflito congelado", embora combates continuassem, de forma esporádica, matando soldados e civis. Entre 2015 e 2020, houve mais de vinte e nove acordos de cessar-fogo, com a maioria sendo violados por ambos os lados.[59][60]
Em outubro de 2019, a OSCE, a liderança separatistas e o governo ucraniano concordaram em um "mapa para paz", porém ao final de 2020 a situação voltou a um impasse, com ambos os lados acusando um ao outro de violar acordos de cessar-fogo. Ao final de 2021, o governo russo começou a mover uma enorme quantidade de tropas e equipamentos para a fronteira Rússia-Ucrânia. O presidente russo Vladimir Putin afirmou que via com maus olhos a reaproximação da Ucrânia com o Ocidente e rechaçava a ideia do país vizinho de ingressar na OTAN. Putin via o território ucraniano, assim como outros países da Europa oriental, como parte central da zona de influência russa, afirmando que a presença militar da OTAN no leste da Europa colocava a Rússia em perigo. Em fevereiro de 2022, o governo russo reconheceu formalmente a independência das zonas separatistas das auto-proclamadas repúblicas populares de Lugansk e Donetsk. Tropas russas então cruzaram a fronteira, levando a uma enorme crise diplomática internacional e reatiçando os combates no leste.[61]