Construção de Deus
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A Construção de Deus (em russo: богостроительство, bogostroitel'stvo) é uma ideia proposta por alguns dos primeiros marxistas proeminentes da facção bolchevique do Partido Trabalhista Social-Democrata Russo. Inspirado na Religião da Humanidade de Auguste Comte, o conceito teve alguns precedentes na Revolução Francesa com o Culto da Razão. A ideia propunha que, no lugar da abolição da religião, deveria haver um contexto metarreligioso no qual as religiões fossem vistas principalmente em termos do efeito psicológico e social do ritual, do mito e do simbolismo, e que tentasse aproveitar esta força para objectivos pró-comunistas, tanto através da criação de novos rituais e simbolismos, como através da reinterpretação de rituais e simbolismos existentes num contexto socialista. Em contraste com o ateísmo leninista, os chamados construtores de Deus assumiram uma posição oficial de agnosticismo.[1][2]
Os construtores de Deus defendiam o papel emocional do sentimento religioso e propunham uma narrativa de deificação secularizada para a construção de um novo ser humano coletivo do futuro. Dentre seus expoentes, se incluíram Anatoly Lunacharsky, Maxim Gorky, Alexander Bogdanov e Vladimir Bazarov; uma culminância de seu movimento ocorreu na chamada escola de Capri, de 1907 a 1910.[3][4] Os construtores de Deus foram um dos dois principais campos de intelectuais na Era de Prata russa que buscavam alternativas à visão de mundo rigidamente materialista, o outro grupo sendo o dos buscadores de Deus (bogoiskatelia), antagônicos a eles.[5] Tendo se articulado muito em resposta e diálogo ao idealismo desses últimos, pode-se dizer em certa medida que os construtores de Deus se constituíram inspirados pelos buscadores de Deus.[4]