Étienne de La Boétie
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Étienne de La Boétie, eventualmente também referido como Estienne de La Boétie (Sarlat-la-Canéda, 1 de novembro de 1530 – Germignan, comuna de Taillan-Médoc, 18 de agosto de 1563) foi um humanista e filósofo francês,[1] contemporâneo e amigo de Michel de Montaigne[2] (este que em seu ensaio "Sobre a Amizade" faz uma homenagem a La Boétie).[3] Poucos anos antes de morrer, aos 32 anos, Étienne de La Boétie deixou em testamento seus escritos a Montaigne, o qual, mais tarde, destacou os méritos nos Ensaios e em várias cartas, apontando este autor como um importante homem daquele século.[4]
Étienne de La Boétie | |
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Estátua de Étienne de La Boétie. | |
Nascimento | 1 de novembro de 1530 Sarlat-la-Canéda, França |
Morte | 18 de agosto de 1563 (32 anos) Germignan, Taillan-Médoc, França |
Nacionalidade | francês |
Ocupação | Escritor, poeta e filósofo |
Magnum opus | Discurso da Servidão Voluntária |
Escola/tradição | Renascimento francês Humanismo renascentista |
Traduções de obras clássicas greco-romanas eram comuns entre os studia humanitatis,[5] por isso entre os trabalhos de Étienne de La Boétie estão as traduções do grego para o francês de obras de Xenofonte e Plutarco[6] — Étienne escreveu também algumas obras originais, a sua obra mais famosa é seu Discurso da Servidão Voluntária,[7] escrita no século XVI, depois da derrota do povo francês contra o exército e fiscais do rei, que estabeleceram um novo imposto sobre o sal.[2] A obra se mostra como uma espécie de hino à liberdade, com questionamentos sobre as causas da dominação de muitos por poucos, da indignação da opressão e das formas como vencê-las. Já no título aparece a contradição do termo servidão voluntária, pois como se pode servir de forma voluntária, isto é, sacrificando a própria liberdade de espontânea vontade?[5] Na obra, o autor pergunta-se sobre a possibilidade de cidades inteiras submeterem-se à vontade de um só. De onde um só tira o poder para controlar todos? Isso só poderia acontecer mediante uma espécie de servidão voluntária.[8] Ele afirma então que são os próprios homens que se fazem dominar, pois, caso quisessem sua liberdade de volta, precisariam apenas de se rebelar para consegui-la.[9] Étienne afirma que é possível resistir à opressão, e ainda por cima sem recorrer à violência — segundo ele a tirania se destrói sozinha quando os indivíduos se recusam a consentir com sua própria escravidão. Como a autoridade constrói seu poder principalmente com a obediência consentida dos oprimidos, uma estratégia de resistência sem violência é possível, organizando coletivamente a recusa de obedecer ou colaborar.