Tragédia dos comuns
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A tragédia dos comuns ou tragédia dos bens comuns refere-se a uma situação em que os indivíduos, agindo de forma independente, racional e de acordo com seus próprios interesses, atuam contra os interesses de uma comunidade, esgotando os bens de uso comum (em inglês, Commons). Segundo a hipótese da "tragédia dos comuns", o livre acesso resultaria na superexploração de recursos finitos, provocando o seu esgotamento.
Esse conceito foi baseado originalmente em um ensaio escrito pelo matemático e economista William Forster Lloyd sobre posse comunal da terra, em aldeias medievais,[1] embora tenha sido popularizado pelo ecologista Garrett Hardin, no ensaio "The Tragedy of the Commons", publicado em 1968 na revista Science.[2] Todavia, a hipótese propriamente dita é tão antiga quanto Tucídides[3] e Aristóteles.[4] O fenômeno já foi observado em situações concretas, como a do Boston Common, em que a superexploração fez com que o Common deixasse de ser usado como área de pastagem pública.[5]
Entretanto, a economista Elinor Ostrom, vencedora do Prêmio Nobel (em conjunto com outros pesquisadores), revisitou a obra de Hardin em 1999,[6] descobrindo que a tragédia dos comuns não é tão prevalente ou tão difícil de resolver como Hardin sustentou, uma vez que os moradores frequentemente criaram soluções para o problema dos comuns; porém ocorre que, quando os comuns eram tomados de assalto por indivíduos não-locais, essas soluções deixavam de ter aplicação efetiva.[7] O cientista político Robert Axelrod, da Universidade de Michigan, também argumentou que mesmo indivíduos interessados apenas em seu próprio bem-estar irão encontrar formas de cooperar, uma vez que o autocontrole coletivo serve tanto aos interesses do indivíduo quanto aos do grupo.[8] Sendo assim, alguns autores sustentam que em vez deste fenômeno ser chamado de "A Tragédia dos Comuns", ele deveria ser chamado de "A tragédia do fracasso dos Comuns".[9]