Reivindicação inglesa ao trono de França
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A reivindicação inglesa ao trono de França tem uma história longa e complexa, que se estendeu entre a década de 1340 e a de 1800. De 1340 a 1801, com apenas breves intervalos de 1360 a 1369 e 1420 a 1422, os reis e rainhas de Inglaterra, e depois, através dos Atos da União, em 1707, os reis e rainhas da Grã-Bretanha, ostentaram o título de Rei ou Rainha de França.
O Reino da Inglaterra era governado por descendentes franco-normandos e pela aristocracia que falava franco-normando quando esse título foi aprovada em 1340 pelo rei Eduardo III, que reivindicou o trono de França após a morte do seu tio Carlos IV de França, precipitando assim a Guerra dos Cem Anos. No momento da morte de Carlos IV em 1328, Eduardo era o seu parente mais próximo do sexo masculino por linhagem da sua mãe, Isabel de França, filha de Filipe IV e Joana I de Navarra. Desde a eleição de Hugo Capeto em 987, a coroa francesa sempre foi passada com base na linhagem masculina (de pai para filho até 1316). Não havia nenhum precedente para alguém suceder ao trono francês baseado na sua ancestralidade materna, nem era necessário. Não houve falta de filhos nem irmãos do sexo masculino para a sucessão ao trono durante mais de três séculos, desde o início do governo da dinastia capetiana, até ao início do século XIV, quando novas regras sobre a sucessão feminina tiveram finalmente de ser introduzidas. Com a morte de Luís X, em 1316, a sucessão seguiu imediatamente para o seu filho póstumo João I (que começou a reinar após o seu nascimento, tendo falecido cinco dias depois); desta forma tinha de se decidir se a sua jovem filha de Luís Joana, ou se o seu irmão Filipe iria suceder ao trono. Diz-se que esta decisão foi feita com base na Lei Sálica do século V, mas alguns investigadores afirmam que a Lei Sálica só foi redescoberta mais tarde e utilizada para encobrir a decisão de 1316, dando-lhe uma aura adicional de autenticidade.[1]
No momento da morte de Carlos em 1328, houve novamente uma disputa sobre a sucessão. Embora tivesse vindo a ser aceite que uma mulher não poderia possuir o trono francês, de seu próprio direito, Eduardo III, o sobrinho do falecido rei, baseou a sua pretensão na teoria de que a mulher pode transmitir o direito de herança para o seu filho. Esta alegação foi rejeitada, no entanto, e o trono foi dado ao herdeiro mais próximo de sexo masculino, Filipe, conde de Valois, primo do falecido rei. Na época, Eduardo aceitou esta decisão, e prestou homenagem a Filipe VI pelo seu Ducado de Guyenne. Disputas nos próximos 12 anos sobre a natureza precisa das obrigações feudais de Eduardo III para com Filipe sobre Guyenne levou à guerra aberta em 1337, e para o relançamento das pretensões de Eduardo ao trono francês em 1340, quando ele assumiu o título de Rei de França.
Eduardo continuou a usar esse título até ao Tratado de Brétigny em 8 de maio de 1360, quando abandonou as suas reivindicações em troca de terras de área substancial na França. Após o reatamento das hostilidades entre ingleses e franceses, em 1369, Eduardo voltou a fazer as suas reivindicações ao trono e ao título de Rei da França. Os seus sucessores também usaram o título até ao Tratado de Troyes, em 21 de maio de 1420, em que o rei inglês reconhecia Carlos VI como rei da França, e em contrapartida o seu novo genro, o rei Henrique V de Inglaterra seria o seu herdeiro (deserdando assim o filho de Carlos VI, o Delfim Carlos). Henrique V, em seguida, aprovou o título de Herdeiro de França em seu lugar.
Henrique V e Carlos VI morreram com a diferença de dois meses um do outro e, em 1422, o filho de Henrique V (neto de Carlos VI) Henrique VI tornou-se rei de França. Ele foi o único rei inglês que foi de facto Rei de França, não usando assim o título como um mero título de pretensão. No entanto, em 1429 Carlos VII, com o apoio de Joana d'Arc, tinha sido coroado em Reims e começou a expulsar os ingleses através do norte da França. Em 1435, o fim da guerra civil francesa entre os Burgúndianos e os Armagnacs permitiu a Carlos voltar a Paris no ano seguinte, e em 1453 os ingleses foram expulsos dos seus últimos redutos na Normandia e em Guyenne. O único território francês deixado aos ingleses foi Calais, que foi mantido até 1558.