Ocasionalismo
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Ocasionalismo é uma doutrina filosófica sobre causalidade que diz que as substâncias criadas não podem ser causas eficientes de eventos. Em vez disso, todos os eventos são considerados causados diretamente por Deus. Um conceito relacionado, que tem sido chamado de "causação ocasional", também nega uma ligação de causalidade eficiente entre eventos mundanos, mas pode diferir quanto à identidade da verdadeira causa que os substitui. A doutrina do ocasionalismo afirma em geral que a ilusão da causalidade eficiente entre eventos mundanos surge de Deus causar um evento após o outro. Contudo, não haveria nenhuma ligação necessária entre os dois eventos: não é que o primeiro evento faça com que Deus cause o segundo evento: antes, Deus primeiro causa um e depois causa o outro.[1]
Mais especificamente no Ocidente europeu, o termo foi utilizado em particular para o desenvolvimento tardio do cartesianismo, no qual se afirmava a passividade das criaturas no intercâmbio entre mente e corpo, mas se referiu principalmente ao sistema teológico de Nicholas Malebranche em específico. A palavra "ocasionalismo" é uma cunhagem bem tardia, utilizada por Kant em 1781 para se referir a esses sistemas, chamando-os também de "sistema de assistência sobrenatural". Foi empregada antes por Schelling e Krug; Leibniz chamou de "sistema das causas ocasionais", dentre outros; Bilfinger, de "sistema ocasional", chamando o grupo de "ocasionalistas". O termo causa occasionalis já era utilizado pelos cartesianos. Mas outros filósofos anteriores já haviam adotado essa perspectiva, como no islamismo, e podem ser derivadas também outras tradições da filosofia antiga, como a partir dos estoicos.[2][3]