Martinismo
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O martinismo é uma corrente maçônica de misticismo judaico-cristão, baseada nos ensinamentos de Louis-Claude de Saint-Martin (1743–1803) sobre a Queda do homem, tal como expressa no texto de Fernando Pessoa (No Túmulo de Christian Rosenkreutz), do seu estado de privação material da fonte divina, e de todo o processo de retorno à sua essência, designado por 'Reintegração' ou Iluminação. O termo é também a designação de um grau maçónico.[1]
A escola de Martinez de Pasqually restringiu-se à Teurgia, à prática operativa, enquanto a escola de Louis-Claude de Saint-Martin estendeu-se à chamada via mística ou cardíaca.[2]
Mais tarde, o referido Louis Claude, secretário de Pasqually, anuncia nos seus livros as fases da evolução espiritual, nomeadamente, 'Le Crocodile', 'l'Homme de Desir', 'l'Homme-Dieu', e por aí em diante. A palavra "martinismo" se refere a estes dois maçons, "Martinès de Pasqually" e "Saint-Martin", tendo sido introduzida por Papus.
Umberto Eco, no seu romance O Pêndulo de Foucault, enuncia uma grande confusão entre martinismo e martinesismo.
O propósito do movimento é, como Saint-Martin enuncia, a via cardíaca, nomeadamente, uma ascensão teúrgica, nos mistérios de iniciação da gnose cristã, partindo de bases marcadamente esotéricas. As iniciações no martinismo tomam lugar privadamente, de mestre a iniciado. Os martinistas estão, por norma, convencidos de que o seu processo de iniciação é a plantação de uma semente e que compete ao iniciado fazê-la crescer dentro de si.
Como uma tradição mística, foi primeiro transmitido através de um alto grau maçônico estabelecido por volta de 1740, por Martinez de Pasqually e, mais tarde, propagado pelos seus dois alunos, Louis Claude de Saint-Martin e Jean-Baptiste de Willermoz - o primeiro fundador de um movimento de nome, criado no século XVII-XVIII, e re-estabelecido por Papus, sob os auspícios da Ordre Kabbalistique de la Rose Croix; o segundo, fundador do Rito Escocês Retificado da franco-maçonaria.
O termo martinismo aplica-se tanto a esta doutrina particular e aos ensinamentos da Ordre Martiniste Traditionnel fundada em 1886 por Augustin Chaboseau e Papus, ele mesmo associado à dinâmica iniciática em Paris, e médico durante a primeira guerra mundial, onde viria a falecer, e membro de ordens como a Ordre Kabbalistique de la Rose Croix, a Hermetic Order of the Golden Dawn, e outras ordens similares). Este termo não foi usado por Louis-Claude de Saint-Martin, todavia.[3][4] Esta confusa desambiguação tem sido um problema, desde o final do século XIX, onde martinismo teria sido usado entre Louis-Claude de Saint-Martin e Martinez de Pasqually, e os trabalhos do primeiro serem atribuídos ao segundo.[5] A transmissão regular do martinismo para Augustin Chaboseau e Papus ainda precisa de ser melhor documentada.
O martinismo consiste na parte mística e espiritual da franco-maçonaria, devido às bases comuns dos dois movimentos, e devido ao grande número de afiliações mútuas nestas ordens por parte dos seus membros. O martinismo não deve ser confundido com a Igreja Evangélica Luterana, que tem as suas bases em Martinho Lutero.
No início, a maior parte dos movimentos martinistas era dotado de uma estrutura de três graus, cujo nome pode variar, a saber:
- Associado (1.º grau) - Iniciado (2.º grau) - Superior Incógnito ("S.I.") (3.º grau)
Atualmente, parte dos movimentos martinistas modernos é dotada de uma estrutura de cinco graus, cujo nome pode variar, a saber:
- Associado (1.º grau) - Iniciado (2.º grau) - Superior Incógnito ("S.I.") (3.º grau) - Superior Incógnito Iniciador ("S.I.I.") (4.º grau) - Superior Incógnito Iniciador Livre ("S.I.I.L. ou S.I.G.I.") (5º grau)