Língua tupi
língua indígena histórica de notória importância para a cultura brasileira / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A língua tupi, ou tupi antigo, foi a língua falada pelos povos tupis e por grande parte dos colonizadores que povoavam o litoral do Brasil nos séculos XVI e XVII. "É a língua indígena clássica do Brasil e a que teve mais importância na construção espiritual e cultural do país."[3]
Tupi | ||
---|---|---|
| ||
Outros nomes: | Língua brasílica Tupi antigo Tupi clássico Tupinambá Tupiniquim[carece de fontes?] | |
Falado(a) em: | Brasil | |
Região: | litoral brasileiro | |
Extinção: | final do século XVII, ao evoluir para as línguas gerais[1] | |
Família: | Tronco tupi Ramo ocidental Família tupi-guarani Subconjunto III[2] Tupi | |
Escrita: | Alfabeto latino | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | -- | |
ISO 639-2: | sai (B) | tup (T) |
ISO 639-3: | vários: tpk — tupiniquim tpn — tupinambá tpw — tupi antigo | |
Hoje uma língua morta, o tupi foi por vezes mais falado que o português, sendo por isso considerada também como "a língua do Brasil dos primeiros séculos". Seu registro foi feito sobretudo por padres jesuítas, como José de Anchieta, mas também por viajantes, como Hans Staden e Jean de Léry. Graças a esse registro, preservou-se o conhecimento da língua. Hoje o tupi antigo é a língua indígena brasileira mais bem conhecida, mesmo levando-se em conta as línguas vivas. Contribui para esse fato a rica literatura tupi, que conta com peças de teatro, poemas, e catecismos.[1]
Entre as línguas indígenas, o tupi foi a que mais legou termos ao português brasileiro.[4] Entre os inúmeros tupinismos do português falado no Brasil, é possível citar: caatinga, caju, mingau, pereba e pipoca. Entre os topônimos, temos Indaiatuba, Itaquaquecetuba, Jacareí, Sergipe, Pindamonhangaba e muitos outros. Os tupinismos são particularmente numerosos em se tratando de animais e plantas, como pindoba, piranha, arara, maracujá, pitanga, jaguatirica, tamanduá.[5] A prevalência do tupi na formação do país levou o tupinólogo e padre Lemos Barbosa (1956) a afirmar que "o seu conhecimento, sequer superficial, faz parte da cultura nacional".[6]
O tupi pertence à família linguística tupi-guarani, que por sua vez pertence ao tronco tupi. A família tupi-guarani é composta por 21 línguas diferentes, entre elas o guarani moderno, que possui grandes semelhanças fonológicas e gramaticais com o tupi. Embora o tupi antigo tenha deixado se ser falado no final do século XVII, ele deu origem ao nheengatu, também chamado de língua geral amazônica, ou ainda tupi moderno.[7] Gramaticalmente, o tupi apresenta propriedades peculiares, como: ausência de flexão de gênero e de número; conjugação verbal no início da palavra, não no final (aker, ereker, oker: durmo, dormes, dorme etc); a existência de um nós exclusivo (oré), que exclui o ouvinte, e outro inclusivo (îandé), que o inclui; numerais que vão apenas de um a quatro; entre outras.