Lista de primatas ameaçados do Brasil
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O Brasil é o país com maior número de primatas do mundo, e dos cerca de 624 taxa de primatas existentes, 133 espécies e subespécies ocorrem em território brasileiro, representando 21% dos primatas conhecidos.[1] Esses taxa estão distribuídos em 4 famílias, correspondendo a todas as famílias de macacos do Novo Mundo. Todos os gêneros de primatas do Novo Mundo ocorrem no país, e alguns são endêmicos, como os gêneros Brachyteles, Leontopithecus, Callithrix e Callibella.[2] Cerca de 10 espécies foram descritas desde 1995.[2] A lista atual (datada de 2003) de espécies ameaçadas do Brasil foi tornada oficial pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e considera 26 espécies e subespécies de primatas brasileiros como em algum grau de ameaça.[1][3] A lista anterior, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), datada de 1989, contava com cerca de 27 espécies e subespécies.[4] Das 4 famílias de primatas sul-americanos reconhecidas por Groves (2005),[5] somente a família Aotidae (macacos-da-noite) não possui espécies em perigo de extinção.[1]
Proporcionalmente, os primatas e os carnívoros são os mamíferos brasileiros mais ameaçados: isso se deve, no caso dos primatas, ao fato de que todos possuem hábitos predominantemente florestais, o que os tornam pouco tolerantes à destruição das florestas.[1] A maior parte dos primatas ameaçados ocorrem na Mata Atlântica (15 espécies), que é o bioma mais fragmentado e alterado no Brasil.[1] O restante das espécies ocorrem na Amazônia, que possui ainda grandes porções de floresta: entretanto, deve-se salientar que as espécies mais ameaçadas dessa região se encontram no leste e sul amazônicos, no chamado "arco do desflorestamento", região com as maiores taxas de desmatamento e ocupação humana na Amazônia.[1] Observando-se tais dados, fica evidente que a perda e fragmentação do habitat é a maior ameaça aos macacos brasileiros.[1] Deve-se salientar, que as espécies que ocorrem na Mata Atlântica foram melhor estudadas que as da Amazônia, e isso pode ter relação com o maior número de espécies listadas desse bioma.[1] A caça, principalmente na Amazônia e regiões do Nordeste Brasileiro, é uma grave ameaça para as espécies de porte maior, como os macacos-aranhas (Ateles), macacos-barrigudos (Lagothrix), muriquis (Brachyteles) e os bugios (Alouatta).[1] O efeito da caça é maximizado em regiões altamente fragmentadas, realidade que faz parte de toda a região da Mata Atlântica.[1] Algumas espécies, principalmente algumas de saguis e os micos-leões, possuem distribuição geográfica muito restrita, e em áreas de intensa ocupação humana, o que agrava seu estado de conservação.[1]
Visto o número relativamente grande de espécies de primatas em extinção, existem iniciativas na conservação desses animais. A criação de unidades de conservação que abrigam populações de espécies ameaçadas são importantes iniciativas governamentais em âmbito nacional e estadual na preservação dos macacos brasileiros. A criação de reservas particulares também são importantes.[1] Essas iniciativas possuem resultados promissores, principalmente para espécies da Mata Atlântica, como o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus).[1] Organizações Não-Governamentais têm providenciado fundamental apoio na conservação de algumas espécies, como o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), o mico-leão-de-cara-preta (L. caissara) e o mico-leão-preto (L. chrysopygus). Ademais, os estudos sobre hábitos alimentares, abundância, e outros estudos ecológicos de longa duração permitem a aplicação de ações conservacionistas mais eficientes, como a translocação, reintrodução e reprodução em cativeiro.[1] A educação ambiental é outra ação conservacionista de grande importância, pois o apoio das comunidades locais tem se mostrado preponderante no sucesso de qualquer proposta de preservação de fauna e flora.[1] O melhor exemplo de sucesso, unindo todos esses tipos de esforços conservacionistas, é a preservação do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia).[6]
Na elaboração das duas últimas listas, foram utilizados as categorias e critérios adotados pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.[7] Deve-se salientar, porém, que algumas espécies consideradas ameaçadas em âmbito mundial pela IUCN atualmente, não constam na lista do Ministério do Meio Ambiente. É o caso, por exemplo, do macaco-prego-galego (Cebus (Sapajus) flavius), considerado "criticamente em perigo" e já listado como um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo;[8][9][nota 1] do cuxiú-de-nariz-branco (Chiropotes albinasus)[11] e das três espécies de macacos-barrigudos (Lagothrix). Isso se deve pois após a publicação do MMA em 2003, a IUCN criou uma lista mais atualizada em 2008. Além disso, alguns graus de ameaça podem ser diferentes se comparar a lista do IBAMA e da IUCN, razão pela qual essa lista cita as duas fontes.
A seguinte lista foi baseada no Volume 2 do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, no capítulo referente aos mamíferos brasileiros ameaçados de extinção.[1]