Guinada à esquerda
movimento político de esquerda na América Latina do início do século XXI / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Guinada à esquerda, virada à esquerda,[1] onda rosa, maré rosa[2] ou pós-neoliberalismo[3][4][5] designa o fenômeno político sul-americano do início do século XXI de ascensão à liderança dos políticos de esquerda,[6][7][8] por meio de eleições, em contraposição às lideranças políticas da década de 1990 que promoveram reformas neoliberais e o Estado mínimo.[9]
O fenômeno também é estendido ao âmbito latino-americano.[10] Sua duração, em algumas análises, está restrita ao intervalo de tempo mais preciso de 1998 até 2006 (período específico tratado como "triunfo da esquerda"),[10][11] embora outras considerem que o fenômeno durou até 2015.[12] Em meados da década de 2010, houve uma guinada à direita, significando uma reversão do fenômeno, com vitórias eleitorais de lideranças associadas às políticas do fim do século XX.[9]
Esses governos são comumente caracterizados como de esquerda ou centro-esquerda, contudo, as diferenças relevantes entre eles desafiam tal classificação no espectro político.[9] Sem negar a existência de várias características em comum, o jornal francês Libération preferiu tratar como "as esquerdas", ao salientar a heterogeneidade e pluralidade dos governos associados ao fenômeno e que uma união não foi necessariamente construída entre esses países.[11] No entanto, para alguns analistas, esses governos formaram uma "social-democracia radical"[6] ou "social-democracia crioula"[13] na América Latina, onde se enfatizou o confronto entre a social-democracia e o neoliberalismo.[14][15] Para além do espectro político, podem caracterizar o fenômeno: o atendimento à aspiração popular por inclusão política e social na forma de eliminação da pobreza e combate às desigualdades, bem como a volta do Estado em sua função de fornecer serviços públicos essenciais às pessoas.[9]
De acordo com pesquisa realizada pela BBC, em 2005, três quartos dos 350 milhões de pessoas na América do Sul viviam sob a liderança de presidentes de esquerda.[16] Após o movimento de integração político-econômica[qual?], várias dessas nações contestaram os termos do chamado "Consenso de Washington" — um conjunto de diretrizes de política econômica lançada na anos 1990 pelo Governo estadunidense em parceria com o Fundo Monetário Internacional (FMI) — buscando estabelecer relações comerciais independentes entre os países sul-americanos.[5] As iniciativas de integração latino-americana têm tido, como principal referência histórica, o pan-americanismo, nos termos defendidos pelos libertadores Simón Bolívar e José de San Martín.[17]
O ano de 2008 foi referido como o ápice do fenômeno em função da quantidade de governantes nacionais associados à onda que estavam no poder.[9] Segundo a ex-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner, Hugo Chávez da Venezuela, Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil e Evo Morales da Bolívia foram "os três mosqueteiros" da esquerda sul-americana.[12] Hugo Chávez seria considerado o líder da "onda rosa".[8]