Eutífron
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Eutífron ou Eutifrão (em grego clássico: Εὐθύφρων; romaniz.:Euthuphrōn) é um dos primeiros diálogos de Platão,[1] datando de cerca de 399 a.C. Ele apresenta o filósofo grego Sócrates e Eutífron, conhecido como sendo um esperto religioso. Eles tentam estabelecer uma definição para piedade sem chegar a um consenso, ou seja, trata-se de um diálogo aporético.[2]
Eutífron conta a Sócrates que processou seu pai em razão de um homicídio. Ele está convencido em ter o direito ao seu lado e de agir piamente. Sócrates toma esta situação incomum como oportunidade para induzir Eutífron a um diálogo filosófico sobre a piedade. Eles tentam conjuntamente definir a piedade. Ao fazê-lo, são expostos a um aspecto essencial do tema, que é formulado nesta obra pela primeira vez e, em razão disso, é conhecido até hoje, tanto na Filosofia quanto na Teologia como o Dilema de Eutífron. Trata-se de saber se (a) aquilo que é correto moralmente deriva sua correção por corresponder à vontade de um Deus, que põe todas as normas; ou (b) se aquilo que é moralmente correto tem essa característica em si e, por isso, é desejada pela divindade. A significância da pergunta pode ser observada nas profundas consequências éticas e teológicas que surgem da sua resposta. Para ambos os interlocutores, porém, esta questão não é um problema, pois ambos concordam no fato de o moralmente correto portar tal característica em si e, assim, agradar a Deus. Refutam, portanto, a tese de que a correspondência de um comportamento à vontade de Deus é o que torna tal comportamento correto.
Os interlocutores não logram definir satisfatoriamente a piedade e sua relação com a Justiça. O diálogo, portanto, conduz a uma aporia, isto é, a um dilema aparentemente sem solução. Eutífron desiste e interrompe o diálogo.