Eu lírico
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Eu lírico, ou eu poético, é um conceito literário que designa a voz de um poema, o seu narrador. É um personagem criado por um poeta para transmitir um conteúdo subjetivo seu em um poema.[1][2]
Considerando-se a poesia a expressão literária do "eu", o conteúdo expresso será ocasionalmente relacionado à própria subjetividade do eu poético, de modo que um poema - principalmente um poema lírico - é a expressão da subjetividade do seu eu lírico. Nas palavras de Massaud Moisés: "o eu poético define-se como um eu que se autoexpressa para se conhecer e para se comunicar ao leitor"[3].
O imaginário popular costuma associar a voz de um poema ao seu autor, mas isso é uma afirmação equivocada. Primeiro, porque um poeta pode muito bem escrever um poema se passando por "outra pessoa", como fez Noel Rosa na canção "Pela décima vez", onde a voz do poema é de uma mulher (embora o autor seja um homem). Depois, porque mesmo que o autor queira expressar a sua voz em um poema, só poderá transcrever aquilo que pensa de si ou então uma parte do seu eu, e não o que ele realmente é por completo. Assim, de qualquer maneira, o eu lírico será um personagem à parte do poeta.
Alguns autores, porém, como o professor Massaud Moisés, afirmam que o eu lírico é uma entidade criada para autoexpressão do poeta que o criou. Assim, em todos os poemas de um mesmo poeta, haverá apenas um eu lírico: "o poeta transfere as estratégias criativas para uma única entidade. Os vários textos que elabora - os poemas - ressoam uma única voz, um único narrador"[4]. Outros afirmam que cada poema apresenta um eu lírico diferente.