Espelhos nas culturas mesoamericanas
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O uso de espelhos nas culturas mesoamericanas estava associado à ideia de que serviam como portais para um reino que podia ser visto, mas com o qual não se interagia.[2] Os espelhos na Mesoamérica pré-colombiana eram feitos de pedra e serviam para diversos usos, desde decorativos até divinatórios.[3] Uma tradição antiga entre muitas culturas mesoamericanas era a prática de adivinhação usando a superfície de uma tigela de água como espelho. Na época da conquista espanhola esta forma de adivinhação ainda era praticada entre os maias, astecas e purépechas.[3] Na arte mesoamericana, os espelhos são frequentemente associados a poças de líquido; esse líquido provavelmente era água.[4][nota 1]
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Os primeiros espelhos foram fabricados a partir de peças únicas de minério de ferro, polidas para produzir uma superfície altamente reflexiva. No périodo pré-clássico, os primeiros espelhos datam da metade do segundo milênio a.C., eram geralmente feitos de minerais de ferro e seu uso era associado a membros da elite; vários dos exemplares encontrados nesse período eram espelhos côncavos olmecas, alguns dos quais ser utilizados para acender fogo. No período clássico, os espelhos de mosaico eram produzidos a partir de diversos minérios, permitindo a construção de espelhos maiores. Espelhos de pirita em mosaico foram criados em grandes partes da Mesoamérica no período clássico, particularmente em Teotihuacan e em toda a região maia. A pirita se degrada com o tempo, deixando pouco mais que uma mancha na parte de trás do espelho no momento em que é escavada. Isso levou à frequente identificação incorreta de versos de espelhos de pirita como paletas de tinta, discos pintados ou tampas de potes.
No período pós-clássico, os espelhos foram produzidos por toltecas e continuaram sendo utilizados pelos maias, mas foram os espelhos astecas que ganharam divulgação a partir da conquista do México, com alguns de seus significados e usos culturais tendo sido preservados por registros feitos por espanhóis e exemplares tendo sido enviados à Europa. Os astecas preferiam utilizar a obsidiana como material do espelho e ele se tornou comum na sociedade asteca, empregado em diversas funções, desde adorno até a usos rituais. Eles eram revestidos de conotações simbólicas, míticas e cosmológicas, principalmente em relação ao deus Tezcatlipoca, associado a premonições, feitiçaria e destino, e, segundo relatos de cronistas da época, algumas dessas crenças em torno do espelho inclusive chegaram a influenciar a percepção que alguns nativos tiveram sobre os espanhóis.