Escultura do gótico
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A escultura do Gótico representa a segunda grande escola internacional de escultura da Europa a florescer na Idade Média, entre aproximadamente meados do século XII e do XVI,[1] evoluindo a partir da escultura românica e dissolvendo-se na escultura do Renascimento e do Maneirismo. Quando os valores clássicos voltaram a ser apreciados no Renascimento a escultura dos séculos imediatamente anteriores foi vista como disforme e rude, sendo-lhe dado o nome de gótica, já que se acreditou que era fruto da cultura dos godos, povos tidos como bárbaros e supostos responsáveis pelo desaparecimento do Império Romano. Mas os que viveram durante o período Gótico jamais deram esse nome a si mesmos e tampouco se consideravam bárbaros. Ao contrário, em seu aparecimento a arte gótica foi vista como inovadora e foi chamada de opus modernum (trabalho moderno), sendo a escultura uma das suas mais importantes e sofisticadas expressões. Mas a apreciação negativa perdurou até meados do século XIX, quando surgiu um movimento revivalista, chamado Neogótico, que recuperou seus valores, e modernamente se sabe que a arte gótica de fato nada tem a ver com os godos, mas a denominação permaneceu, consagrada pelo uso.[2][3]
A escultura gótica nasceu intimamente ligada à arquitetura, sendo o resultado da decoração das grandes catedrais e outros edifícios religiosos, mas eventualmente ganhou independência e passou a ser trabalhada como uma arte autônoma. Surgindo na França, na região de Paris, teve na reforma da Basílica de Saint-Denis, realizada entre 1137 e 1144, sua primeira expressão importante. Sua primeira fase desenvolveu um estilo austero, estilizado, com proporções alongadas e um aspecto geral hierático, desejando transmitir uma impressão de espiritualidade, bastante longe da anatomia real de um corpo. A partir de c. 1200 o estilo começou a evoluir em direção a um maior naturalismo e realismo, com a progressiva absorção de influências clássicas e uma maior observação da natureza. Mudanças na doutrina religiosa, que levaram a uma aproximação de Deus em relação ao homem e a um abrandamento em seu caráter, antes inacessível e inflexível, também contribuíram para influenciar a evolução das formas e das temáticas preferenciais. Em c. 1300 o estilo gótico já ultrapassava amplamente as fronteiras francesas, formavam-se importantes escolas regionais, e em torno de 1400 dominava a maior parte da Europa, depois iniciando um declínio que seguiu padrões diferentes nas diferentes regiões. A escultura gótica em suas fases tardias continuou a ser bastante empregada na decoração arquitetural, mas os escultores a esta altura já haviam experimentado os mais diversos materiais e explorado os mais variados usos para os relevos e estátuas, formando um acervo de extraordinária riqueza e variedade.[2][4]
A história da escultura gótica ainda possui muitas incertezas e pontos obscuros, e seu estudo ainda está em boa parte por ser feito. Em vários momentos da história houve destruições em massa de monumentos e obras de arte medievais, como por exemplo na questão iconoclasta ao longo da Reforma Protestante, e durante a Revolução Francesa, e dessa forma a determinação da cronologia, da genealogia e da distribuição geográfica do estilo apresenta muitas lacunas impossíveis de serem preenchidas. Soma-se isso ao fato de que quando o Gótico finalmente foi reapreciado na segunda metade do século XIX, por falta de conhecimentos mais profundos foram feitas muitas restaurações inadequadas nos monumentos sobreviventes. Mesmo diante de tantas dificuldades o legado da escultura gótica ainda é vasto e continua vivo em edifícios, coleções, museus, em livros escolares de ampla circulação e outras formas.[5]