Crônicas de Froissart
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As Crónicas (português europeu) ou Crônicas (português brasileiro) de Froissart (ou Chroniques) são crônicas em prosa da Guerra dos Cem Anos. As Crônicas abrem com os acontecimentos que levaram à deposição de Eduardo II em 1327, e abrangem o período até 1400, contando os acontecimentos na Europa Ocidental, principalmente na Inglaterra, França, Escócia, nos Países Baixos e na Península Ibérica, embora às vezes também menciona outros países e regiões, como a Itália, Alemanha, Irlanda, os Balcãs, Chipre, Turquia e África do Norte. Durante séculos, as Crônicas têm sido reconhecidas como a principal expressão da cultura de cavalaria da Inglaterra e França no século XIV. O trabalho de Jean Froissart é percebido como sendo de vital importância para o entendimento dos acontecimentos do século XIV na Europa, particularmente na Guerra dos Cem Anos. No entanto, os historiadores modernos reconhecem também que as Crônicas tem muitas deficiências como uma fonte histórica: elas contêm datas erradas, tem geografia extraviada, dá estimativas imprecisas de tamanhos de exércitos e vítimas da guerra, e é potencialmente tendenciosa em favor dos patronos do autor.
Froissart às vezes é repetitivo ou abrange temas aparentemente insignificantes. No entanto, suas descrições de batalha são animadas e envolventes. Para os períodos anteriores o cronista baseou seu trabalho em outras crônicas já existentes, mas suas próprias experiências, combinadas com as de testemunhas entrevistadas, forneceram grande parte dos detalhes dos livros posteriores. Embora o autor pode nunca ter estado em uma batalha, ele visitou Sluis em 1386 para ver os preparativos para uma invasão da Inglaterra. Ele estava presente em outros eventos significativos, tais como o batismo de Ricardo II em Bordéus em 1367, a coroação do rei Carlos V de França em Reims em 1380, o casamento do duque João de Berry e Joana de Bolonha em Riom e a entrada triunfal da rainha francesa Isabel da Baviera, em Paris, ambos em 1389.
Sir Walter Scott observou uma vez que Froissart tinha uma "maravilhosa pequena simpatia" para os "vilões brutos".[1] É verdade que muitas vezes o autor omite falar sobre as pessoas comuns da época, mas que é em grande parte a consequência de seu objetivo declarado de escrever não uma crônica geral, mas uma história das façanhas de cavalaria que tiveram lugar durante as guerras entre a França e Inglaterra. No entanto, Froissart não era indiferente aos efeitos das guerras sobre o resto da sociedade. Seu Livro II centra-se extensivamente em revoltas populares em diferentes partes da Europa Ocidental (França, Inglaterra e Flandres) e nesta parte das Crônicas muitas vezes o autor demonstra boa compreensão dos fatores que influenciam as economias locais e seus efeitos sobre a sociedade em geral; ele também parece ter muita simpatia em especial à situação dos estratos mais pobres das populações urbanas de Flandres.[2]
As Crônicas são uma obra muito extensa: com os seus quase 1,5 milhões de palavras, esta entre as obras mais longas escritos em prosa francesa no final da Idade Média.[3] Poucas edições modernas completas foram publicadas, mas o texto foi impresso a partir do final do século XV em diante. Enguerrand de Monstrelet continuou as Crônicas em 1440, enquanto Jean de Wavrin incorporou grande parte dela em seu próprio trabalho. Nos séculos XV e XVI, as Crônicas foram traduzidas para o neerlandês, inglês, latim, espanhol, italiano e dinamarquês. O texto de Froissart é preservado em mais de 150 manuscritos, muitos dos quais são ilustrados, alguns extensivamente.[4]