Crise haitiana (2018–presente)
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A crise haitiana é uma crise socioeconômica e política em curso no Haiti desde 2018 marcada por protestos e distúrbios civis contra o governo haitiano, violência de gangues armadas, um surto de cólera, escassez de combustível e água potável e fome aguda generalizada. Os protestos começaram em cidades de todo o Haiti em 7 de julho de 2018 em resposta ao aumento dos preços dos combustíveis. Com o tempo, esses protestos evoluíram para demandas pela renúncia de Jovenel Moïse, o então presidente do Haiti. Liderados pelo político da oposição Jean-Charles Moïse (sem parentesco), os manifestantes afirmaram que seu objetivo era criar um governo de transição, disponibilizar programas sociais e processar funcionários supostamente corruptos. Em 7 de fevereiro de 2021, apoiadores da oposição contra o então titular Jovenel Moïse supostamente tentaram um golpe de Estado, levando a 23 prisões, bem como confrontos entre manifestantes e policiais.
Protestos no Haiti (2018–presente) | |||||||||
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Manifestantes na cidade de Hinche, em 2019 | |||||||||
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Participantes do conflito | |||||||||
Manifestantes | Governo do Haiti | ||||||||
Líderes | |||||||||
Jean-Charles Moïse Schiller Louidor |
Jovenel Moïse † Fritz William Michel Jean-Michel Lapin Jean-Henry Céant Jack Guy Lafontant Ariel Henry | ||||||||
Forças | |||||||||
Milhares[1] | Milhares[1] | ||||||||
Baixas | |||||||||
5 000+ mortos, 2 000+ feridos, 2 000+ sequestrados desde 1 de janeiro de 2023[2][3] 360 000+ deslocados de sua casa até 19 de março de 2014[4] |
No desenrolar da crise houve seis mudanças de primeiro-ministro[5] e a Assembleia Nacional não pôde realizar as suas eleições, desaparecendo na prática.[6] Em 7 de julho de 2021, Jovenel Moïse foi assassinado, supostamente por um grupo de 28 mercenários estrangeiros; três dos supostos assassinos foram mortos e 20 presos. Depois que o primeiro-ministro interino Claude Joseph deixou o cargo, Ariel Henry foi empossado como primeiro-ministro interino em 20 de julho de 2021. Manifestantes e defensores dos direitos civis no Haiti argumentaram que o status de Henry como primeiro-ministro é ilegítimo.[7]
Em setembro de 2022, Henry anunciou que o governo acabaria com os subsídios aos combustíveis e que o preço dos produtos petrolíferos aumentaria; isso levou a protestos, incluindo uma manifestação em Porto Príncipe que se transformou em um motim dias depois. Em resposta ao governo, uma aliança de mais de uma dezena de gangues bloqueou o maior terminal de combustível do país. Esse bloqueio e os distúrbios ao redor levaram ao fechamento temporário de embaixadas estrangeiras no Haiti, bem como à escassez de recursos, reduções de serviços hospitalares, fechamento de escolas e trabalhadores impossibilitados de se deslocar para o trabalho. Em 11 de outubro de 2022, Henry e seu gabinete solicitaram o envio de tropas estrangeiras para se opor às gangues e manifestações antigovernamentais em Porto Príncipe. Em 15 de outubro, os Estados Unidos e o México enviaram veículos blindados e equipamentos militares para ajudar o governo haitiano. Em 21 de outubro, o Conselho de Segurança da ONU votou por unanimidade para aprovar sanções ao Haiti, ou seja, um congelamento de bens, proibição de viagens e embargo de armas contra as gangues armadas do país.
Em março de 2024, o primeiro-ministro em exercício, Ariel Henry, foi impedido de regressar ao Haiti após uma viagem destinada a garantir a ajuda da polícia do Quênia na contenção da violência dos gangues.[8] O vácuo de poder, juntamente com o caos nas ruas, levou à marcação de uma reunião de emergência da CARICOM para 11 de março.[9]