Criacionismo científico
ramo do criacionismo / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Criacionismo científico [1] é um ramo do criacionismo que tenta fornecer apoio científico à narrativa da criação do Livro do Génesis e refutar ou reinterpretar os fatos, teorias e paradigmas científicos relativos à história da Terra, cosmologia e evolução biológica.[2][3]
O consenso esmagador da comunidade científica afirma que o criacionismo científico é uma visão religiosa, não científica, e que não se qualifica como ciência, uma vez que carece de apoio empírico, não fornece hipóteses e descreve a história natural com base em causas sobrenaturais impossíveis de serem testadas cientificamente.[4][5] O criacionismo científico é uma tentativa pseudocientífica de transformar a Bíblia em fatos científicos,[6][7] e é visto por biólogos profissionais como uma fraude.[8]
O criacionismo científico teve início na década de 1960 a partir das tentativas de fundamentalistas cristãos norte-americanos em provar a inerrância bíblica e invalidar as evidências da evolução.[9] Desde então, ganhou um número expressivo de seguidores nos Estados Unidos e com vários grupos de adeptos em todo o mundo.[10] As principais ideias do criacionismo científico são: a crença na "criação" ex: nihilo (a partir do nada); a crença de que a Terra foi criada nos últimos seis a dez mil anos; a crença de que a humanidade e a restante vida na Terra foram criadas como entidades baraminológicas distintas e imutáveis; e a ideia de que os fósseis encontrados nos estratos geológicos foram aí depositados durante um dilúvio que cobriu a Terra por completo.[11] Consequentemente, o criacionismo científico disputa também as teorias geológicas e astrofísica comuns sobre a idade e origem da Terra e do Universo, que os criacionistas acreditam serem irreconciliáveis com o relato do "Livro do Géneses".[9] Os proponentes do criacionismo geralmente referem-se à teoria da Evolução como darwinismo ou "evolução darwiniana".
As obras de criacionismo científico que surgiram na década de 1960 focavam-se em conceitos derivados da interpretação literal da Bíblia e eram de natureza abertamente religiosa. Um dos mais notáveis associava o relato do dilúvio do "Livro do Génesis" aos registos fósseis no contexto de um sistema denominado geologia diluviana. Até à década de 1970, pouca ou nenhuma atenção era dada a estas obras fora das escolas e congregações de cristãos evangélicos fundamentalistas. No entanto, nesta mesma década, os seus seguidores começaram a contestar o ensino da Teoria da Evolução nas escolas públicas dos Estados Unidos, chamando a atenção da opinião pública e da comunidade científica. Muitas direções escolares e decisores estavam a ser pressionadas para incluir nos programas escolares de ciência o ensino do criacionismo científico a par da evolução.[12] Ao mesmo tempo, os textos de criacionismo científico foram revistos de forma a eliminar as referências bíblicas e teológicas. Algumas versões menos explícitas e sectárias do criacionismo chegaram a ser incluídas em escolas públicas no Arcansas, Luisiana e em outras regiões dos Estados Unidos.[12][13]
Em 1982, a sentença do tribunal no caso McLean contra o Estado do Arcansas deliberou que o criacionismo científico não é capaz de cumprir os requisitos essenciais da ciência, e que a sua principal intenção é divulgar uma determinada perspetiva religiosa.[14] O ensino do criacionismo científico nas escolas públicas dos Estados Unidos terminou definitivamente em 1987, após uma decisão do Supremo Tribunal.[9] O tribunal afirmou que o ensino do criacionismo científico a par da evolução era inconstitucional, uma vez que o seu principal objetivo é promover uma crença religiosa.[14] Em resposta a esta sentença, os rascunhos do livro escolar sobre o criacionismo científico "Of Pandas and People" foram alterados, de modo a substituir todas as referências ao criacionismo pelo design inteligente antes da sua publicação em 1989. Esta versão foi promovida pelos adeptos do movimento do design inteligente, até que, em 2005, o ensino de design inteligente foi novamente declarado inconstitucional por um tribunal federal no caso Kitzmiller v. Dover Area School District.