Corpo sem órgãos
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Corpo sem órgãos (CsO) (em francês: corps sans organes) é um conceito metafísico fundado pelo filósofo francês Gilles Deleuze e aprofundado junto a Félix Guattari, que geralmente se refere à realidade subjacente mais profunda de um todo bem formado, organizado, construído a partir de partes inteiramente funcionais. Ao mesmo tempo, o termo também pode descrever a relação prática entre os corpos literais, sólidos, físicos.
Deleuze começa a usar a expressão em seu livro Lógica do Sentido (1969), enquanto discutia as experiências, vivências e escritos de Antonin Artaud, poeta e ator francês. Depois, corpo sem órgãos (ou "CsO") torna-se vocabulário fundamental em Capitalismo e esquizofrenia, dois volumes (O Anti-Édipo [1972] e Mil Platôs [1980]) escritos em colaboração com o psicanalista Félix Guattari.
Nesses dois livros, a expressão apresenta significado ampliado, referindo-se tanto a corpos literais até uma certa perspectiva de realidade de qualquer tipo. O significado sobrecarregado é provocativo, talvez intencionalmente, na medida em que, segundo escreve André Pierre Colombat, a "justaposição desses dois campos e explicações incompatíveis cria um não-senso, um excesso de sentido, que coloca em movimento o intelecto e a imaginação do leitor".[1][2]