Controvérsia dos ritos na China
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A controvérsia dos ritos na China foi uma longa disputa no seio da Igreja Católica sobre a decisão a tomar quanto aos ritos chineses constituírem ou não formas de idolatria ou superstição. Os jesuítas defendiam a continuação da prática dos ritos pelos católicos chineses, enquanto as outras ordens religiosas, entre os quais os dominicanos, alegavam que os ritos eram incompatíveis com o catolicismo. O conflito começou na década de 1630 e só terminou no século XVIII, quando o Papa Clemente XI, em 1715, e o Papa Bento XIV, em 1742, decidiram contra os jesuítas. Este desfecho reduziu drasticamente a actividade missionária católica na China.[1][2] O Papa Pio XII revogou parcialmente a decisão dos seus predecessores, em 1939.[3]
Esta disputa pode ser retratada como uma confrontação entre uma concepção do catolicismo segundo uma linha mais baseada na cultura europeia, e uma adaptação católica aos hábitos, ritos e usos locais chineses, profundamente enraizados numa sociedade milenar fortemente influenciada pelo confucionismo.[4] Este conflito religioso, agravado pelas "tensões e ciúmes entre os missionários de diferentes ordens religiosas e origens nacionais" (grande parte dos jesuítas eram protegidos por Portugal, enquanto que os dominicanos eram protegidos por Espanha), era ainda um microcosmos das grandes "diferenças teológicas, culturais e políticas" (por exemplo, a questão jansenista) vividas pela Igreja Católica nos séculos XVII e XVIII. E era também "uma luta entre a burocracia do Vaticano, especialmente a Sagrada Congregação para a Propagação da Fé (Propaganda Fide), as ordens religiosas, especialmente os jesuítas, e as históricas monarquias católicas de Portugal, Espanha e França". [2][1]