Concílio de Basileia-Ferrara-Florença
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O Concílio de Florença (originalmente Concílio de Basileia) foi um concílio ecumênico de bispos e outros membros do clero da Igreja Católica Romana. Ele começou em 25 de Julho de 1431 em Basileia e foi transferido para Ferrara em 1438 por ordem do Papa Eugênio IV, movimento que fez com que ele também ficasse conhecido como Concílio de Ferrara (ou, na sua forma portuguesa, de Ferrária). O encontro foi novamente transferido para Florença em 1439 por conta do perigo de peste em Ferrara e por que a cidade de Florença concordou, com promessa de pagamento futuro, em financiar o concílio.[1] A localização inicial em Basileia refletia o desejo das partes que buscavam a reforma de se encontrar fora dos territórios em poder do Papa, do Sacro Império Romano-Germânico ou dos reis de Aragão e da França, cujas influências sobre o concílio procuravam evitar. Ambrogio Traversari esteve no concílio de Basileia como legado do Papa Eugênio.
Concílio de Basileia-Ferrara-Florença | |
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Data | 1431 - 1445 |
Aceite por | Católicos |
Concílio anterior | Concílio de Constança |
Concílio seguinte | Quinto Concílio de Latrão |
Convocado por | Papa Martinho V |
Presidido por | Cardeal Júlio Cesarini, posteriormente, Papa Eugênio IV |
Afluência | Pequena no início, eventualmente chegou a ter 117 católicos e 31 ortodoxos |
Tópicos de discussão | Hussitas e o Grande Cisma do Ocidente; Conciliarismo; Reconciliação com a Igreja Ortodoxa |
Documentos | Bulas papais e curta promessa de reconciliação com os ortodoxos, reconciliação com uma delegação dos armênios |
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O concílio seu reuniu numa época em que o conciliarismo era forte e a autoridade papal, fraca. Sob pressão para promover as reformas eclesiásticas, Papa Martinho V sancionou um decreto do Concílio de Constança (9 de outubro de 1417) obrigando o papado a convocar concílios gerais periodicamente. Ao expirar o período proposto pelo decreto, o Papa cedeu e convocou um concílio em Pávia. Por conta de uma epidemia, a localização foi transferida quase que imediatamente para Siena (veja Concílio de Siena) e cancelado - por motivos ainda não conhecidos perfeitamente - logo que começou a discutir o assunto da reforma (1424).
O próximo concílio se deu ao terminar o prazo de sete anos, em 1431. Martinho V obedientemente o convocou para esta data na cidade de Basileia e selecionou o cardeal Juliano Cesarini para presidi-lo, um prelado muito respeitado. O próprio Martinho, porém, viria a morrer antes da abertura dos trabalhos.
O concílio em Basileia abriu com apenas uns poucos bispos e abades presentes, mas cresceu rapidamente e acabou tendo uma maioria de religiosos de ordens menores sobre os bispos. A postura inicial foi antipapal, proclamando a superioridade do concílio sobre o Papa e prescrevendo uma profissão de fé do sumo pontífice, um juramento que deveria ser feito por todos os Papas em sua eleição. Quando o concílio foi transferido de Basileia para Ferrara em 1438, alguns permaneceram em Basileia (como Nicolau de Cusa), ainda alegando serem parte do "verdadeiro concílio". Eles elegeram Amadeu VIII de Saboia como o Antipapa Félix V. Expulsos de Basileia em 1448, eles se mudaram para Lausanne, onde Félix, o único reclamante ao trono papal a ter feito a profissão de fé proposta em Basileia, renunciou. No ano seguinte, o eles decretaram o fechamento do que eles ainda acreditavam ser o Concílio de Basileia.[1]
O concílio enquanto isso tinha negociado com sucesso a reunificação com diversas igrejas ortodoxas, conseguindo acordos em assuntos como a primazia papal, a inclusão da cláusula Filioque no credo e o purgatório, uma novidade recente no léxico teológico latino. O item mais importante em discussão, previsivelmente, era o poder papal, no sentido de um poder direto e que responde à ninguém, sobre todas as igrejas ortodoxas nacionais em troca de assistência militar contra os turcos otomanos. O partido grego, sob forte pressão do imperador bizantino, aceitou, por razões puramente políticas, as demandas do grupo papal. Apenas Marcos de Éfeso rejeitou a união entre os ortodoxos gregos. Os russos, tendo ouvido rumores desta teologia política, rejeitaram furiosamente a união e expulsaram quaisquer prelados que fossem simpáticos à ideia. A ajuda do ocidente ao Império Bizantino nunca se materializou e a queda de Constantinopla ocorreu em 1453, de forma que a união permaneceu como mera promessa. O concílio declarou também que o grupo que estava reunido em Basileia eram heréges e os excomungou. Finalmente, em 1441, a superioridade do Papa sobre os concílios foi reafirmada na bula papal Etsi non dubitemus de 20 de abril.[1]