Clozapina
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A clozapina é um medicamento psiquiátrico e é o primeiro antipsicótico atípico (também chamado de antipsicótico de segunda geração) a ser descoberto.[1] É usado principalmente para tratar pessoas com esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo (de acordo com o DSM V) que tiveram uma resposta inadequada a outros antipsicóticos ou que foram incapazes de tolerar outros medicamentos devido a efeitos colaterais extrapiramidais. Também é usado para o tratamento da psicose na doença de Parkinson.[2][3] A clozapina é considerada o tratamento padrão-ouro quando a maioria dos outros medicamentos é ineficaz e seu uso é recomendado por várias diretrizes internacionais de tratamento, após ocorrência de resistência ao tratamento neuroléptico anterior.[4][5][6][7][8][9][10]
Nome IUPAC (sistemática) | |
8-chloro-11-(4-methylpiperazin-1-yl)-5H-dibenzo[b,e][1,4]diazepine | |
Identificadores | |
CAS | 5786-21-0 |
ATC | N05AH02 |
PubChem | 2818 |
DrugBank | DB00363 |
ChemSpider | 10442628 |
Informação química | |
Fórmula molecular | C18H19N4Cl |
Massa molar | ? |
SMILES | CN1CCN(CC1)C2=Nc3cc(ccc3Nc4c2cccc4)Cl |
Farmacocinética | |
Biodisponibilidade | 60 a 70% |
Metabolismo | Hepático. Citocromo P450 3A4, 2C9, 2C19, 1A2, 2D6. UDP-glicuronosiltransferase 1-4 |
Meia-vida | 6 a 26 horas (valor médio de 14.2 horas em condições padrões) |
Excreção | 80% em estado metabolizado: 30% biliar and 50% renal |
Considerações terapêuticas | |
Administração | ? |
DL50 | ? |
O papel da clozapina na esquizofrenia resistente ao tratamento foi estabelecido por um estudo de 1988[11] no qual a clozapina mostrou benefícios quando em detrimento com a clorpromazina em um grupo de pacientes com psicose prolongada que já havia mostrado uma resposta inadequada aos outros antipsicóticos.[12] Embora exista a possibilidade de efeitos colaterais significativos, a clozapina continua sendo o tratamento mais eficaz quando um ou mais de um antipsicóticos tiveram uma resposta inadequada. O uso de clozapina está associado a resultados positivos, incluindo uma taxa reduzida de mortalidade por todas as causas, suicídio e hospitalização.[13][14][15] Em uma meta-análise comparativa de rede de 2013 de 15 medicamentos antipsicóticos, a clozapina foi significativamente mais eficaz do que todos os outros medicamentos.[16] Em um estudo de 2021 no Reino Unido, a maioria dos pacientes (mais de 85% dos entrevistados) que tomaram clozapina preferiram ela do que as terapias anteriores, além de se sentirem-se melhor com ela e expressarem desejo de continuar tomando-a.[17] Em uma pesquisa canadense de 2000 com 130 pacientes, a maioria relatou melhor satisfação, qualidade de vida, adesão ao tratamento, pensamento, humor e estado de alerta.[18]
Em comparação com outros antipsicóticos, a clozapina apresenta um risco aumentado de problemas sanguíneos, em particular agranulocitose, nas primeiras 18 semanas de tratamento. Após um ano, esse risco reduz-se ao associado à maioria dos antipsicóticos. O uso da clozapina é, portanto, geralmente reservado para pessoas que não responderam a pelo menos dois outros antipsicóticos e só é feito com monitoramento rigoroso do sangue através de exames laboratoriais.[2] No geral, apesar das preocupações relacionadas ao sangue e outros efeitos colaterais, o uso de clozapina está associado a uma mortalidade reduzida, especialmente por suicídio, que é uma das principais causas de morte prematura em pessoas com esquizofrenia.[19] O risco de agranulocitose e neutropenia relacionados à clozapina justificou o uso obrigatório de sistemas rigorosos de monitoramento e gerenciamento de risco, que reduziram o risco de morte por esses eventos adversos para cerca de 1 em 7.700.[20] A associação entre o uso de clozapina e discrasias sanguíneas foi observada pela primeira vez na década de 1970, quando oito mortes por agranulocitose foram observadas na Finlândia.[21] Na época não estava claro se isso excedia a taxa estabelecida desse efeito colateral que também é encontrado em outros antipsicóticos e, embora a droga não tenha sido totalmente retirada do mercado, seu uso tornou-se limitado.[22] A clozapina tornou-se amplamente disponível no início da década de 1990 e continua sendo o único tratamento com probabilidade de ser eficaz no tratamento da esquizofrenia resistente.
Os efeitos adversos comuns incluem sonolência, constipação, hipersalivação (aumento da produção de saliva), taquicardia, pressão arterial baixa, visão turva, ganho de peso e tontura.[23] A clozapina normalmente não está associada à discinesia tardia (DT) e é recomendada como droga de escolha quando essa condição se faz presente, embora alguns relatos de casos descrevam discinesia tardia induzida pela clozapina.[24] Outros riscos graves incluem convulsões, miocardite (inflamação do coração), hiperglicemia (níveis elevados de glicose no sangue) e constipação. O uso desta droga raramente pode resultar em síndrome de hipomotilidade gástrica induzida por clozapina, que pode levar à obstrução intestinal e morte, e em pessoas idosas com psicose, como resultado de demência, pode levar a um risco aumentado de morte.[25][26] O mecanismo de ação não é totalmente claro na literatura médica atual.[23] A clozapina está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde.[27] Está disponível como medicamento genérico, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.[23][28]