Usuária:Sarah Pereira Marcelino/Iluminismo Escocês
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O Iluminismo Escocês (em inglês: Scottish Enlightenment, em escocês: Scots Enlichtenment, em gaélico escocês: Soillseachadh na h-Alba) foi um fenômeno intelectual ocorrido na Escócia, durante o século XVII e o século XIX. Esse fenômeno se baseia, principalmente, numa virada cultural, intelectual e científica escocesa, isto é, nota-se que os intelectuais escoceses, em suas diversas reflexões, passaram a valorizar acentuadamente a razão humana e a autonomia da intelectualidade frente aos dogmas religiosos e às noções supersticiosas de mundo. Nesse contexto, criou-se uma rede intelectual repleta de especialistas de diversas áreas do saber, tais como da Filosofia, da História, da Engenharia, do Direito, da Matemática, da Economia Política, da Sociologia, da Geologia, da Arquitetura, da Arqueologia, da Agricultura, da Botânica etc., a fim de incentivar a produção intelectual e a erudição escocesa. O Iluminismo escocês se baseava numa perspectiva de pensamento empírico e materialista a partir do qual buscava-se o enaltecimento dos valores e da conduta do homem civilizado e moderno europeu.
Esse fenômeno decorrido na Escócia exerceu forte influências no pensamento filosófico do restante da Europa, para além da Grã-Bretanha, como, por exemplo, no pensamento de Immanuel Kant. É possível, ainda, perceber as contribuições do Iluminismo escocês no outro lado do Atlântico, isto é, na Nova Inglaterra (atual Estados Unidos) e também no Brasil. Várias foram as figuras centrais do Iluminismo escocês, entre elas, David Hume, Adam Smith, Francis Hutcheson, John Millar, Adam Ferguson, Lord Kames, Thomas Reid, Dugald Stewart, entre outros. É possível identificar, dentro do contexto do fenômeno, as fundações do pensamento político, econômico, antropológico, social, entre outros, que serão herdados posteriormente pelas sociedades europeias e não europeias, como as Américas do Norte e do Sul. Os intelectuais escoceses já se mostravam preocupados com questões que abarcavam a realidade social da população europeia, por exemplo. Questões como os da divisão do trabalho, as dinâmicas sociais e a sociabilidade das populações europeias, principalmente os habitantes da Escócia, estava entre aquelas preocupações. Soma-se a isso a atenção dos escoceses na compreenção da lógica das sociedades do Novo Mundo, isto é, das Américas. As ferramentas antropológicas utilizadas no contexto do século XIX também estavam sendo desenvolvidas em pleno século XVII e século XVIII, quando filósofos escoceses buscavam entender as peculiaridades dos povos ameríndios.
No campo científico e religioso, também é possível observar mudanças. De modo geral a razão e a empiria se tornam os principais recursos metodológicos de investigação científica, afastando o uso da metafísica e a da presunção na construção do conhecimento. Nesse sentido, o ceticismo desenvolvido por David Hume, auxilia no enfraquecimento da circulação do pensamento de tipo mágico e religioso vigente em seu tempo. Esse enfraquecimento, ocorre dentro da esfera acadêmica e científica, pois as populações como um todo permanecem praticando suas crenças. Na Ciência, os pensadores escoceses recebem influência de Isaac Newton, e acabam, por consequência disso, reformulando o tipo de investigação científica que aplicam, com o propósito de dar mais robustez aos resultados que procuravam obter acerca da natureza humana.