Trate-me Leão
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Trate-me Leão foi a terceira peça de teatro do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone. A peça foi o trabalho de maior êxito do grupo e abordava problemas, vivências e cotidiano da juventude do Rio de Janeiro. A peça surpreendeu pela inovação da linguagem, com base na experiência dos atores e criação coletiva, onde eram comuns as improvisações. A criação coletiva não ocorreu apenas do texto, mas em todo o espetáculo, com integrantes e atores assumindo funções artísticas e de produção.
Trate-me Leão | |
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Autoria | Asdrúbal Trouxe o Trombone |
Elenco | Evandro Mesquita, Fábio Junqueira, Hamilton Vaz Pereira, José Paulo Pessoa, Luiz Fernando Guimarães, Nina de Pádua, Patrícya Travassos, Perfeito Fortuna, Regina Casé |
Direção | Hamilton Vaz Pereira |
Produtor(a) | Asdrúbal Trouxe o Trombone |
Gênero | Comédia Drama |
Atos | 2 |
País | Brasil |
Trate-me Leão tinha uma narrativa não linear, caracterizada por cenas com desenvolvimento e desfecho diferentes. A teatralização do cotidiano ocorria em um palco sem móveis, com tapumes ao fundo. Os atores realizavam a composição dinâmica dos ambientes, onde o público pudesse interpretar paredes, portas ou cenários imagináveis ao longo da peça.
Nos espetáculos anteriores de O Inspetor Geral (1974) e Ubu Rei (1975), Hamilton Vaz Pereira e os atores já utilizavam a irreverência para recriar textos clássicos. Já em Trate-me Leão, o grupo falava sobre o cotidiano de uma jovem geração. Para criar a história e as situações dramáticas, o elenco tomou como centro de investigação sua própria vivência. Ainda assim, a influência da dramaturgia clássica era constante em algumas cenas, a exemplo da adaptação de falas de Pequenos Burgueses de Máximo Gorki.
A peça chegou a ser censurada algumas vezes durante seu ensaio, porém o grupo foi modificando o texto ao longo do processo de criação. A quantidade de informações e referências no espetáculo provavelmente representou um desafio à Censura Federal, que ao final do processo de avaliação cortou apenas alguns detalhes.
Trate-me Leão ficou em cartaz durante o segundo semestre de 1977 e o ano inteiro de 1978, sem subvenção ou patrocínio, apenas com o dinheiro da bilheteria. O último espetáculo ocorreu em 26 de dezembro de 1978 no Morro da Urca.
A peça fez muito sucesso e influenciou muitos jovens e artistas, transformando o cenário cultural brasileiro.