Santa Rússia
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Santa Rus' ou Santa Rússia (em russo: Святая Русь, transl. Svyatáya Rus) - o Reino dos Céus, o Czarado eterno de Deus no Céu e na Terra, é um importante conceito religioso e filosófico que surgiu e se desenvolveu dos séc. VIII ao XXI na Europa Oriental e Eurásia Central.[1][2]
A Rússia Sagrada, na literatura russa, no folclore, na poesia, na linguagem popular e literária, é a terra russa, escolhido por Deus para ser salva e iluminada pela Fé Ortodoxa, e o espaço metafísico, a união dos cristãos ortodoxos centrados na Jerusalém Celestial.[3][4][5][6] O que distingue a Santa Rússia dos demais lugares não é a geografia, o Estado ou a etnia, mas a Ortodoxia.[7][8][9]
Paráfrases do mesmo conceito são ideias de "Rússia - Novo Israel", "Rússia - A Terceira Roma", "Rússia - O Reino Ortodoxo", etc.[7] A expressão Santa Rússia ("Santa e Grande Rússia", "Terra Sagrada da Rússia", etc.) é conhecida desde o séc. VI, mas o conceito de santidade da Rússia apareceu antes na vida cotidiana russa. O conceito de Santa Rus' está presente na consciência folclórica desde o início do séc. XVII. Nos séc. XVIII-XIX, a Santa Rússia também se torna um dos temas do folclore russo.[7] Na cosmovisão popular, a Rússia terrena e transitória é transformada na Rússia eterna e imutável, o Reino de Cristo, a Jerusalém Celestial. O povo russo é considerado o povo da Santa Rússia, ou seja, o povo de Deus.[10] Mais tarde, o atributo de santidade, atribuído pela consciência cristã medieval à Igreja, é transferido para o país e para a “nação” (protonação). A Santa Rússia também é conhecida no folclore ucraniano.[7]
De acordo com o filólogo e culturologista Sergei Averintsev, não existe uma ideia nacional por detrás dos termos "Santa Rússia" e "Santa Terra Russa". A Santa Rússia não tem características locais. Trata-se quase de uma categoria cósmica, que inclui o Éden do Antigo Testamento, a Palestina evangélica e o mundo inteiro sob o domínio da verdadeira fé, incluindo o paraíso.[11] De acordo com o historiador eslavista Mikhail Dmitriev, não existem análogos completos aos discursos sobre a Santa Rússia nas culturas cristãs ocidentais.[7]