Quadrívio
conjunto educacional nas antigas escolas helênicas / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Quadrívio[1] (em latim: quadrivium; de quatro e via: caminho, ou seja os "quatro caminhos") era o conjunto de quatro matérias—aritmética, geometria, astronomia e música—ensinadas nas escolas helênicas na fase inicial do percurso educativo, cujo ápice eram as disciplinas teológicas. A educação era iniciada com o trívio—gramática, lógica e retórica—as primeiras três das sete artes liberais, seguindo-se as restantes quatro, que formavam o quadrívio. O quadrívio foi desenvolvido por Marciano Capela, que tentara desta forma sistematizar todo o conhecimento humano, e organizado depois por Pedro de la Ramée. Na A República, de Platão, Sócrates faz referência aos Pitagóricos ao discorrer sobre o quadrívio.[2]
No tetraktys[3], de Pitágoras, é possível encontrar uma formulação do quadrívio através divisão da matéria entre unidade, poder, harmonia e cosmos. No mesmo sentido, as artes liberais estiveram separadas em trívio e quadrívio em alguns momentos históricos. Pode-se agrupar os conteúdos do trívio como pertinentes à mente – divididos entre gramática, retórica e lógica. Essa tríade do conhecimento deveria seguir três objetivos: a beleza, a bondade e a verdade, para, através desses postulados, conhecer a totalidade da sabedoria. O quadrívio, por sua vez, é dedicado às artes liberais pertinentes à matéria.
As quatro áreas de estudo que compõem o quadrívio se encontram, de alguma forma, relacionadas aos números. Isso é evidente na aritmética, que cuida das relações possíveis entre os números (nas operações de adição, subtração, multiplicação e divisão). No que diz respeito à geometria, as formas no espaço são mensuráveis através dos números. A música, por sua vez, é considerada como a aplicação da aritmética às melodias. E a astronomia, que cuida dos movimentos dos astros, é explicada como o estudo dos números no tempo e no espaço, das formas resultantes dos movimentos. Na Grécia Antiga, considerava-se que era preciso estudar cada uma das disciplinas do quadrívio na sequência. Esta era a base dos estudos superiores, conforme foi apresentado por Sócrates em A República, de Platão.
Como mencionado anteriormente, o trívio quadrívio completavam o quadro das sete artes liberais, cujo centro estava no pensamento e na reflexão. As setes artes liberais, por sua vez, buscavam o conhecimento unificado e verdadeiro do cosmos. Para Platão, a educação deveria recordar o que foi esquecido pela nossa alma. Desta forma, as sete artes liberais propunham, a partir de suas disciplinas, buscar reacender na alma o conhecimento unificado que foi esquecido.[4] De acordo com Critchlow (2014),
“A alma, que Sócrates provou ser imortal no Fédon, vem de uma posição de completo conhecimento antes de nascer no corpo. Recordar - o ponto principal da educação - significa trazer novamente ao coração algo que ficou esquecido. O objetivo de estudar essas disciplinas era ascender de volta à Unidade através de uma simplificação, baseada na compreensão prática de cada área do quadrívio."[5]