Protestos no Chile em 2019–2020
período de grande agitação social e civil no Chile / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Protestos no Chile em 2019 (também chamados de «Santiagaço» [apenas no início], «18/10», «18/O», «Crise no Chile em 2019», «Explosão social no Chile em 2019», «O Chile despertou», «Primavera do Chile», «Revoltas no Chile em 2019», «Revolução dos trinta pesos» e «Surto social»)[17][18] são uma série de protestos civis, atualmente em pausa, em várias cidades do Chile, a favor da extrema esquerda. Os protestos começaram na capital —Santiago— como uma campanha coordenada de estudantes do ensino médio para evitar pagar o metrô de Santiago em resposta a recentes aumentos de preços, levando a confrontos abertos com a polícia nacional (Carabineros). Em 18 de outubro, a situação piorou quando grupos organizados de manifestantes se rebelaram em toda a cidade, confiscando muitos terminais da rede do metrô de Santiago (parte da Red) e desativando-os com extensos danos à infraestrutura. A rede Metro foi totalmente desativada.
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Protestos no Chile 2019 | |||||||||||
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Protestos na praça Baquedano, em Santiago | |||||||||||
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Participantes do conflito | |||||||||||
Governo Chileno | Manifestantes | ||||||||||
Líderes | |||||||||||
Sebastián Piñera | Sem liderança | ||||||||||
Em 18 de outubro, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou um estado de emergência, autorizando o envio de forças do Exército chileno nas principais regiões para fazer cumprir a ordem e reprimir a destruição de bens públicos, e invocou perante os tribunais a Ley de Seguridad del Estado ("Lei de Segurança do Estado") contra dezenas de detidos. Um toque de recolher foi declarado em 19 de outubro na área da Grande Santiago,[19] pela primeira vez desde 1987, no final da ditadura de Pinochet.[20]
Protestos e distúrbios se expandiram para outras cidades, incluindo Concepción, San Antonio e Valparaíso.[21] O estado de emergência foi estendido à província de Concepción, toda a região de Valparaíso (exceto a Ilha de Páscoa e o arquipélago Juan Fernández) e as cidades de Antofagasta, a Grande La Serena (Coquimbo e La Serena), Rancagua, Valdivia e Iquique.
A situação se estendeu algumas horas depois para cinco outras regiões do país e, no dia 23, o estado de emergência havia sido declarado em quinze das dezesseis capitais regionais.[22]
De acordo com vários analistas, os protestos têm sido caracterizados pela ausência de líderes e pela incorporação, em diferentes níveis, de um espectro social amplo, da classe baixa para a média alta.[23] Embora a causa imediata possa ser atribuída ao aumento da taxa de transporte público, as concentrações populares logo expuseram suas causas mediadas: o alto custo de vida (até 2019 Santiago do Chile é a segunda cidade mais cara da América Latina),[24] pensões baixas, altos preços de medicamentos e tratamentos de saúde, e uma rejeição geral de toda a classe política e o descrédito institucional acumulado ao longo dos anos, incluindo a própria Constituição desse país.[3][23]
Tanto por causa do nível de danos à infraestrutura pública e o número de manifestantes quanto por causa das medidas adotadas pelo governo, os protestos foram classificados como a «pior agitação civil» ocorrida no Chile desde o final da ditadura de Pinochet.[25] Até agora, 35 falecidos têm sido confirmados, associados principalmente a incêndios, confrontos entre cidadãos ou com uniformizados. Além disso, há mais de 3400 civis hospitalizados como produto dos confrontos, e 2000 policiais machucados em diferentes graus.[26] O Instituto Nacional de Derechos Humanos tem identificado mais de 3400 civis hospitalizados durante o movimento, enquanto que tem se cifrado em 8812 os detidos que tem conseguido visitar; ademais, tem relatado casos de torturas e outras humilhações em nome das Forças Armadas e da Ordem.[27] Pesquisas realizadas por organizações como a Anistia Internacional, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o Human Rights Watch e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos determinaram a ocorrência de violações graves de direitos humanos cometidos por funcionários do Estado chileno.[28][29][30] O governo, em tanto, reconheceu a existência de alguns casos pontuais de excesso policial, porém descartou a ocorrência sistemática destes.[31][32]
As perdas econômicas desses protestos são estimadas em US$ 3,300 milhões, considerando danos à propriedade pública e privada, enquanto 100 mil a 300 mil empregos teriam sido perdidos. O peso chileno sofreu uma forte desvalorização, passando de CLP$ 710 anterior à crise, para um recorde máximo de CLP$ 838,33 por dólar, a meados de novembro de 2019.[33] Também estima-se que os protestos vão subtrair um ponto percentual de crescimento econômico para o país entre 2019 e 2020.
Em resposta às manifestações, o governo de Sebastián Piñera anunciou uma série de medidas (Projetos de lei e reformas relacionados com os protestos no Chile em 2019-2020) denotadas «Nova Agenda Social», que inclui medidas relacionadas a pensões de aposentadoria, saúde, salários e administração pública.[34] Da mesma forma, promoveu uma agenda de segurança, que inclui projetos de anti-vandalismo e de reconstrução. Em 15 de novembro, um acordo transversal entre o Governo e o Congresso, e assinado pela maioria dos partidos políticos com representação parlamentar, concordou em convocar um Plebiscito Nacional em abril de 2020 para definir se uma nova Constituição política será redigida, e que mecanismo será utilizado.[35]