Minstrel Show
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Minstrel show (em português, espetáculo de menestréis) ou minstrelsy ('cantoria') é nome pelo qual ficou conhecido um tipo de espetáculo teatral popular tipicamente americano e notavelmente baseado em ideais racistas perpetuados nos Estados Unidos e no mundo, que reunia quadros cômicos, variedades, dança e música, inicialmente com artistas brancos maquiados como negros com o rosto maquiado de preto (blackfaces), principalmente depois da Guerra Civil. Uma característica conhecida era o contorno dos lábios e dos olhos com uma tinta branca, que combinava com luvas e meias da mesma cor, contrastando claro e escuro nos espetáculos, e que produziam um efeito cênico. O cinema também se utilizou desse estilo, celebrizando Al Jolson no primeiro filme sonoro da história ("O cantor de jazz" de 1927). Com o advento da iluminação elétrica e dos filmes coloridos, além das criticas ao racismo dos espetáculos, esse estilo acabou por "decair" no gosto popular.
Nos Minstrel Shows os personagens negros eram sempre ignorantes, preguiçosos, falastrões, supersticiosos e musicais. No início dos anos 1830, o espetáculo consistia em breves quadros "entre-atos" cômicos burlescos. Na década seguinte, era um show completo. Em 1848, o jogral das "cara-pretas" se tornou uma arte nacional da época, com um formato como de uma ópera mas que se utilizava de temas populares para platéias em geral.[1] Na virada do século, o minstrel continuava popular mas começou a ser substituído no gosto do público americano pelos espetáculos de vaudeville. Continuou como entretenimento profissional até por volta de 1910; artistas amadores continuaram a se apresentar até a década de 1960 em escolas, fraternidades estudantis e teatros de periferia. Com a luta dos negros contra o racismo ganhando as ruas, os shows minstrelsy perderam a popularidade.
Um típico espetáculo minstrel era divido em três atos. O elenco primeiro dançava no palco, depois trocavam anedotas e cantavam canções. A segunda parte era muito variada e incluía um monólogo dito com termos próprios do negros ou inglês errático e muito trocadilhos e nonsense, buscando a comicidade (stump speech). O ato final era um musical com muitas pantomimas e palhaçadas satirizando a vida nas plantations ou parodiando peças populares. As canções e quadros minstrel falavam de personagens recorrentes, a maioria escravos e dândis. Mais tarde houve subdivisões em sub-arquétipos como a "Mãe Preta", uma contraparte do "Preto Velho", o mulato provocador e o soldado negro. Os minstrels afirmavam que seus cantos e danças eram autenticamente negros mas isso é discutível. Apenas quando houve a introdução dos spirituals (chamadas de jubilees), por volta de 1870, é que houve a concordância de que uma autêntica música negra era apresentada nos minstrelsy.
A "cantoria dos menestréis caras-pretas" é apontada como a primeira forma teatral típica americana. Entre 1830-1840 alavancou a industria musical do país e por muitas décadas foi a "lente" pela qual a "América Branca" via a "América Negra": por um lado, com um forte racismo e, por outro, com o surgimento de uma consciência sobre os vários aspectos da "cultura negra".[2][3]
Como os espetáculos dos minstrels eram extremamente populares, muitas famílias de diversas origens e grupos étnicos formavam a platéia, o que sugeria uma "integração" entre as culturas [4] mas isso também é controverso. Os adversários dessas teses criticavam os espetáculos, que mostravam "escravos felizes" ao mesmo tempo que se tripudiava sobre eles; os segregacionistas diziam que os shows desrespeitavam as normas sociais ao apresentarem os escravos fugitivos com simpatia e as instituições sulistas como "peculiares".[5]