História da Córsega
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Na história da Córsega a geografia e orografia tiveram consequências maiores que em outros lugares. A grande ilha mediterrânea é uma autêntica "montanha no meio do mar", atravessada de noroeste a sudeste por um formidável relevo cujas montanhas superam por vezes os 2500 m de altitude. O ponto mais alto da ilha alcança os 2706 m no Monte Cinto, cujo pico (quase sempre com neve também no verão) dista somente 28 km do mar, mostrando o grande declive da ilha.
Esse relevo sempre dividiu a Córsega em duas partes: a do nordeste (hoje chamada de Alta Córsega), chamada historicamente de "Banda de dentro" pois se encontra antes das montanhas (pegando como referência a Itália) ou Cismonte, e a parte do sudoeste (hoje chamada de Corse-du-Sud), chamada historicamente de "Banda de fora", além das montanhas ou Pumonte.
Os vilarejos que se dispersam pelas montanhas (muitos localizados acima dos 1000 m de altitude) ficavam no inverno sem ligações com o resto da ilha por conta de nevascas (podendo durar até semanas). Isto causava (junto com as montanhas) mais uma barreira do que uma ligação entre as duas regiões. Além disto, os íngremes vales eram por muitas vezes sem estradas de ligação com outros vales dentro da própria Banda, o que deixava o interior corso ter pouca influência com o resto do mundo.
Se por um lado estas características do terreno deixaram mais difícil o trabalho dos invasores, deixando lenta a penetração e acostumando os corsos a fazer pequenas guerrilhas para resistir por séculos, por outro lado contribuíram a deixar sempre baixa a densidade de população e a separar os corsos entre eles.
A Banda virada para a península itálica sofreu uma maior influência da Itália, quer no plano político-social, quer no linguístico, enquanto a parte sudoeste manteve uma originalidade maior (mas tendo um menor progresso político, pelo menos até a invasão francesa). Enquanto as áreas de montanhas tinham uma maior tendência a conservar as tradições locais, as cidades costeiras foram fundadas por invasores. Isso acabou criando um anarquismo nas aldeias e empurrando a população do interior a fazer justiça com as próprias mãos, e a difundir o fenômeno do banditismo.
A grande divisão orográfica acabou por criar na ilha fronteiras sociais, linguísticas e de ideais políticos. Tais fronteiras ao longo da história, mesmo com poucas variações, acabaram criando as atuais subdivisões administrativas, que permanecem até hoje. A grandes dimensões da ilha (quase 8800 km ²) mesmo não garantindo autonomia, foi suficiente para criar um desejo de independência nos corsos. Localizada em uma posição estratégica no Mediterrâneo, a Córsega acabou atraindo o interesse em outros povos que aos poucos chegariam à ilha como comerciantes ou como conquistadores. Os fenícios, gregos, romanos, vândalos, bizantinos, pisanos, aragoneses, genoveses e, por fim, os franceses (que com o Tratado de Versalhes de 1768 obrigaram os genoveses a ceder a ilha, e depois a invadiram), foram os dominadores da ilha, deixando ao povo local poucos períodos de autonomia e independência.