Expedição polar de S. A. Andrée
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Expedição polar de S. A. Andrée foi uma malfadada tentativa de alcançar o Polo Norte em 1897, na qual todos os três exploradores pereceram. S. A. Andrée, o primeiro balonista sueco, propôs uma jornada em um balão de hidrogênio partindo de Svalbard até à Rússia ou Canadá, cujo trajeto incluiria, com sorte, uma travessia sem escalas sobre o Polo Norte. O plano foi recebido com entusiasmo patriótico na Suécia, uma nação setentrional que ficara para trás na corrida para alcançar as zonas polares.
Andrée negligenciou a maioria dos sinais de perigo relacionados a seu projeto. A capacidade de até certo ponto guiar o balão era essencial à segurança da viagem, e havia evidências o suficiente de que a técnica de empuxo de cordas desenvolvida por ele era ineficaz; ainda assim, ele confiou o destino da expedição ao mecanismo. Para piorar a situação, o balão polar Örnen (Águia) foi entregue diretamente em Svalbard por seu fabricante em Paris sem ter sido testado; quando as medições demonstraram que ele vazava mais do que o esperado, Andrée recusou-se a reconhecer as implicações alarmantes deste fato. A maioria dos estudiosos modernos da expedição vêem o otimismo, fé no poder da tecnologia e desconsideração pelas forças da natureza de Andrée como os principais fatores em uma série de eventos que provocaram sua morte e a de seus dois companheiros, Nils Strindberg e Knut Frænkel.
Depois de Andrée, Strindberg e Frænkel terem decolado de Svalbard em julho de 1897, o balão perdeu hidrogênio rapidamente, caindo em um banco de gelo apenas dois dias depois da partida. Os exploradores não ficaram feridos, mas depararam-se com uma árdua caminhada de volta ao sul. Vestidos, preparados e equipados de forma inadequada, e surpreendidos pela dificuldade do terreno, eles não conseguiram safar-se da jornada. Enquanto o inverno ártico os envolvia em outubro, o grupo acabou exaurido na deserta Kvitøya (Ilha Branca), morrendo no local.
Por trinta e três anos, o destino da expedição de Andrée permaneceu como um dos mistérios mais insolúveis do Ártico. A descoberta ao acaso em 1930 de seu derradeiro acampamento provocou uma histeria midiática na Suécia, onde os mortos foram lamentados e idolatrados. As motivações de Andrée foram posteriormente reconsideradas, juntamente com o papel das regiões polares como um campo de provas para a masculinidade e patriotismo. Um dos primeiros exemplos foi o romance Ingenjör Andrées luftfärd (O Voo da Águia), de Per Olof Sundman, que retrata Andrée como fraco e cínico, à mercê de seus patrocinadores e da mídia. O veredicto de estudiosos modernos a respeito de Andrée ter virtualmente sacrificado as vidas de seus dois jovens companheiros varia em aspereza, dependendo se ele é visto como o manipulador ou como a vítima do fervor nacionalista sueco da virada do século XX.