Demografia da Turquia
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A demografia da Turquia é o resultado, por um lado, das migrações dos diversos povos que ao longo da sua longa história habitaram o seu território, localizado estrategicamente numa das principais rotas de migração e invasão do mundo, por outro do efeito homogeneizador, pelo menos a nível cultural do domínio político e religioso dos turcos que, apesar de terem constituído a mais recente grande vaga migratória na região, estão nela implantados há praticamente mil anos.
Demografia de Turquia | |
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Turcos de várias gerações. | |
População: | 86.095.408 (fev. de 2024) |
Densidade: | 89,24 hab/km² (est. 2022) |
Taxa de crescimento: | 0,8% (est. 2021) |
Taxa de natalidade: | 14,7 nascimentos/1.000 habitantes (est. 2021) |
Taxa de mortalidade: | 6,4/1000 (est. 2021) |
Expectativa de vida: | 78,6 (2022) |
–homem: | 73,1 (2022) |
–mulher: | 79,1 (2022) |
Taxa de fecundidade: | 1.92 crianças nascidos/mulher (2020) |
Taxa de mortalidade infantil: | 16,9 mortes/1.000 nascidos vivos |
Estrutura etária: | |
0-14 anos: | 24,26% (H 10.085.558 / M 9.627.967) |
15-64 anos: | 67,96% (H 27.945.232 / M 27.266.461) |
65-mais: | 7,79% (H 2.825.738 / M 3.506.283) |
Proporção por sexo: | |
Total: | (H 50,1% / M 49,9%) |
Nacionalidade: | |
Nacionalidade: | Turquia |
Língua: | |
Oficial: | Língua turca |
Falada: | Língua curda, Língua árabe |
O Império Otomano, antecessor da atual República da Turquia, como os seus antecessores, nomeadamente o Sultanato Seljúcida de Rum (século XI-XIV) eram estados multiculturais e multi-étnicos, cujos governos eram na generalidade tolerantes em relação às religiões das populações, o que permitiu uma coexistência relativamente pacífica entre os diversos povos que habitavam a Anatólia e da Trácia durante muitos séculos. Isso mudaria acentuadamente durante a Guerra da Independência e a Troca de populações entre a Grécia e a Turquia, que provocaram que nos anos 1920 a esmagadora maioria das minorias mais numerosas, a grega e a arménia abandonasse o país. A emigração dos gregos continuou ao longo do século XX, a pontos de atualmente viverem na Turquia apenas alguns milhares, senão centenas, de gregos. Outra das comunidades anteriormente muito influente que diminuiu drasticamente em número foi a judaica, esta principalmente após a criação do estado de Israel.
O regime republicano ainda hoje nega o reconhecimento oficial de minorias étnicas, exceto as três mencionadas antes o que, se por um lado teve como consequência uma certa homogeneização cultural e identitária, por outro fez recrudescer o nacionalismo entre os curdos, de longe a maior minoria étnica do país, a ponto de atualmente o terrorismo e a guerrilha curdas serem o maior problema de segurança, conflitualidade interna e uma das principais causas das acusações de violações de direitos humanos na Turquia.
Outro das grandes fraturas, esta no plano religioso, presente no país é entre as correntes muçulmanas. A maior parte do islamismo turco é muito moderado, pelo menos se comparado com o vizinho Irão xiita e com o sunismo dominante nos países árabes que também lhe estão próximos. Reveladoramente, o partido islamista no poder desde 2003, o AKP é a força política turca mais empenhada na adesão da Turquia à União Europeia. No entanto, há alguma conflitualidade, apesar de raramente violenta entre a maioria sunita, constituída esmagadoramente por hanafistas, os alevitas (que alguns consideram um ramo do xiismo e alguns contestam que sejam muçulmanos) e, em menor escala, outras correntes xiitas e sufistas (místicos muçulmanos, que também se confundem com alevitas, pois estes também são místicos). Os alevitas e sufistas e outras seitas muçulmanas pouco ortodoxas tiveram grande influência no período otomano, algo que alguns afirmam ter-se vindo a notar novamente nos últimos anos, quiçá como reação às crescentes influências muito ortodoxas que tendem a aumentar na generalidade do mundo muçulmano..
É frequente considerar-se que a maior parte da população da Turquia é de "etnia turca", apesar de não haver certezas quanto à verdadeira origem étnica da maioria da população dita "turca", sendo que é provável que uma parte considerável não seja diretamente aparentada com os povos turcomanos asiáticos aos quais se associa historicamente o termo "turco".
Em termos de distribuição populacional, ela é bastante assimétrica, assistindo-se a uma elevada densidade nas grandes cidades como Istambul, Ancara e Esmirna e havendo grandes extensões no interior e leste da Anatólia e nas zonas montanhosas relativamente pouco povoadas. A emigração, tanto interna (para as grandes cidades), como para o estrangeiro (na Europa Ocidental e na América do Norte há comunidades imigrantes turcas muito numerosas, com centenas de milhares e mesmo milhões, como é o caso da Alemanha), acentuou essa assimetria populacional. De um modo geral, a densidade é maior a oeste e nas zonas costeiras.