Cráton
formação geológica / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Cratão, Crátons ou Cratões (do grego κράτος kratos, significa "força") são porções diferenciadas da litosfera continental, composta pela crosta continental e uma porção do manto superior, caracterizados por apresentarem raízes mantélicas antigas e espessas, as quais se estendem por centenas de quilômetros no manto terrestre. Essas características conferem-lhes a particularidade de possuírem alta resistência mecânica e, por consequência, longa estabilidade tectônica[1], de modo que representam unidades geológicas poupadas de orogêneses Fanerozoicas. São caracteristicamente/essencialmente compostos por um embasamento cristalino[2] antigo, apresentam geralmente núcleos Arqueanos, havendo comumente materiais mais jovens que podem ter experimentado ou não deformações e/ou metamorfismo. Podem apresentar cobertura que compreendem unidades cujas idades vão desde o Paleoproterozoico ao Recente[1].
São geralmente localizados nos interiores das placas tectônicas, tendo frequentemente sobrevivido a ciclos de abertura e fechamento continentais, delimitados por cinturões orogênicos. Embora incomum, áreas cratônicas podem sofrer riteamento e separação seguida de deriva continental, com instalação de oceano à medida que os processos tectônicos atuam, como ocorreu com o Cráton São Francisco-Congo[3] durante a fragmentação do supercontinente Gondwana.
Os crátons são divididos em dois tipos principais de estruturas: os escudos cristalinos e as plataformas:
- Escudos Cristalinos: são também chamados de maciços antigos e caracterizam-se por serem compostos por rochas cristalinas (ígneas e metamórficas). São tipos de crátons que afloraram na superfície, ou seja, não foram recobertos por outros tipos de estruturas geológicas.
- Plataformas: são composições de crátons recobertas por outras formações estruturais, geralmente por camadas de sedimentos, as bacias sedimentares. São também conhecidas por embasamentos cristalinos e geralmente são formadas por regiões de depressões relativas, salvo quando a cobertura sedimentar é muito extensa.
A palavra Cráton foi proposta pela primeira vez pelo geólogo austríaco Leopold Kober em 1921 como Kratogen, referindo-se a plataformas continentais estáveis, propondo também orogen como termo para cinturões de montanha ou orogênicos. Mais tarde, Hans Stille encurtou o antigo termo para kraton, do qual deriva a palavra atual.[4]
Os crátons possuem grande relevância econômica por serem hospedeiros de importantes depósitos de minérios, principalmente metais como ouro, ferro e cobre, como nas províncias Quadrilátero Ferrífero e Carajás no Brasil. Além disso o estudo dos Crátons fornece significativa contribuição para o compreensão da estrutura e do passado geológico do planeta, uma vez que essas unidades alojam rochas muito antigas e pouco deformadas.
Exemplos pelo mundo são os Congo e o Kaapvaal na África do Sul, Cráton Norte Americano na América do Norte, Cráton Indiano na Índia, Cráton do Norte da China, Cráton Pilbara na Austrália Ocidental entre outros. O Brasil possui quatro unidades cratônicas em seu território, abordadas a seguir, sendo eles o Amazônico, do São Francisco, Rio de la Plata e São Luís.