Barcos negros
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Kurofune, literalmente barcos negros (do japonês 黒船) foram os primeiros navios ocidentais que aportaram no Japão nos séculos XVI e XIX, durante o período Edo.
Em 1543 os portugueses iniciaram os primeiros contatos, estabelecendo uma rota comercial que ligava Goa, via Malaca, a Nagasaki. As grandes carracas envolvidas neste comércio - que os portugueses designavam "nau do trato" - tinham o casco pintado de preto com pez para calafetagem, e o termo passou a designar os navios ocidentais. Em 1639, na sequência de uma rebelião atribuída à influência do cristianismo trazido pelos estrangeiros, o shogunato Tokugawa decretou uma política de isolacionismo, o Sakoku. Durante este "estado fechado" as relações internacionais do Japão restringiam-se a contactos limitados com poucos holandeses e chineses na ilha de Dejima.
Em 1844, Guilherme II dos Países Baixos instou o Japão a abrir-se, mas foi rejeitado. Em 8 de Julho de 1853 a Marinha dos EUA avançou com quatro navios de guerra a vapor para a baía de Edo, solicitando que o Japão se abrisse ao comércio com o Ocidente. A sua chegada marcou a reabertura do país depois de mais de 200 anos de isolamento auto-imposto.
Em particular, a designação Kurofune refere-se aos navios Mississippi, Plymouth, Saratoga e Susquehanna, que chegaram a 14 de julho de 1853 ao porto de Uraga (parte da atual Yokosuka) na prefeitura de Kanagawa, sob o comando do comodoro americano Matthew Perry. A designação "barco Negro", que passou então a abarcar tanto a cor dos antigos navios, como o fumo negro do carvão dos navios a vapor americanos. Nesse sentido, o Kurofune tornou-se um símbolo do fim do isolamento.